quinta-feira, novembro 08, 2007

O infinito é ridículo e precisa ser remodelado

Tetê contou ao Roger a história do docinho. Ele ficou uma fera, e disse que até Regina Duarte ele agüentava em nome dela, mas uma mulher burra.... isso nunca! Ela ficou arrasada, mas entendeu que para o amigo não havia outra opção a não ser sumir. Eles se amavam, a amizade dos dois era fortíssima e muito leal, mas ela entendeu o cansaço de Roger. Afinal, ele já não a reconhecia. Ele e a torcida do Flamengo, diga-se de passagem.
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Agora ela estava completamente sozinha. Não havia quem procurar e ninguém a procurava a não ser a super-mãe. De tão desnorteada e solitária, ela se entregou à amizade desta mulher que, ao menos, dizia se preocupar com ela. Ligava para Tetê o dia todo, perguntava, aconselhava, falava mal do filho, contava das outras com as quais ele estava saindo. Mas Tetê não tinha mais forças para gritar, para brigar, para implorar, para nada. Ela via o cerco se fechando, ele ainda ligava e aparecia por uma noite ou por outra, mas estava cada vez mais distante, mais frio, mais desinteressado.
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Ela sabia que o tamanho do buraco onde estava metida só aumentava infinitamente... Quando pensou no infinito, levou um susto: ela estava tão "deitada" quanto o símbolo do infinito. E se sentia uma tartaruga virada de pernas para cima – por mais que tentasse se levantar, só gastava energia e aquilo já estava ficando ridículo e sem um pingo de glamour. Entendeu que estava numa bagunça desgraçada e precisa urgentemente refazer alguns itens do cotidiano (e outros nem tão cotidianos, mas que incomodavam), tais como:
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Agenda telefônica, agenda diária, guarda-roupa de outono-inverno, advogado, diarista, secretária, amor, yakult, homem, amante, amiga, amigo, professor de metodologia científica, companhia gay com quem você vai ao teatro, cirurgião plástico, livro de cabeceira, caneca de café vermelha, psicanalista, vaso de violeta cor-de-rosa, moldura dourada, imã de geladeira, impressora jato de tinta, cd da leila pinheiro com música do guinga, decorador, correspondência comercial, ministro da cultura, cigarreira de prata, guaraná em pó, caneta de purpurina, ginecologista, colar de pérolas, alarme (inclusive os falsos), rádio-taxi, estilista, rejeição, celulite, fotografia de pai morto, cheiro de amor morto, grosseria de homem covarde (vivo), física quântica, resenha de livro babaca, saudade do yves saint-laurent, revista semanal de informação, caderno de cultura do Paraná, Paraná, xale espanhol, óvulos que não funcionam, óvulos que funcionam, Mont Blanc que não escreve, bombom da Copenhagen. Ufa! Ela estava pensando novamente!!! Conseguira pensar em várias coisinhas que não ele... era um bom sinal. Sinal que o infinito ainda podia ser revertido, só restava decidir como e quando!

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