quinta-feira, fevereiro 19, 2009

Ops! Susto? Surf?

De uma forma bem diferente, Tetê fez o homem do elevador chegar ao fundo do poço... todo elevador tem um, não? Ele não chegou a decepcionar, parou num estágio muito anterior a uma decepção. Na boa? Ele não subiu um só andar desde o dia em que tomaram um café gelado. Estava bom com ele, mas sem ele estava dando na mesmo. E ele era do tipo que pegava no pé, dá para acreditar? Tetê precisou viajar e ele encrencou porque queria saber com quem ela iria, em que hotel ficaria... imagine Tetê dando esse tipo de satisfação! Tchau, tchau, elevador, Tetê está indo pelas escadas, viu?

E Tetê foi ao Rio por dois dias. Tudo rapidinho, a trabalho mesmo, sem tempo para nada, mas espremendo um pouquinho, deu para a via sacra da Visconde de Pirajá: pelo lado direito até chegar pertinho de Copa, volta pela esquerda até o Leblon, vendo tooooodas as vitrines e comprando coisinhas, coisinhas, coisinhas. Marcou com uma amiga no hotel e chegou atrasada, Marina já estava esperando por ela. Beijinhos, beijinhos, Tetê sobe para largar as dezenas de sacolas com as comprinhas básicas e reencontrar Marina em dois minutinhos no hall do hotel.

Ela entra no apartamento e deixa a porta encostada, joga as sacolas em cima da cama e procura uma escova para arrumar o cabelo, quando ouve um estrondo na porta. Tetê se volta e não acredita no que vê... um enorme pedaço de madeira comprida está atravessada da porta até o frigobar. Enquanto tenta entender o que aquilo significa, outro estrondo e outro objeto cai em cima do pedaço de madeira. Um objeto com cabelos compridos e loiros, uma pele bronzeada e uns olhos azuis de gritar!!! Os olhos olharam para ela e riram. E ela sentou no chão no chão na frente dele, assustada e sem saber o que fazer.

Foi o seguinte: o surfista (hum...) estava hospedado no mesmo andar. O apartamento de Tetê ficava ao lado do elevador. Ele passou a tarde dormindo e para aproveitar a praia no restinho do dia, saiu correndo, carregando a prancha. Se embolou todo no corredor e ao invés de entrar no elevador, caiu no apartamento dela que estava com a porta entreaberta.

Bem. Já que estavam os dois ali no chão, ao lado do frigobar, abriram uma cerveja para relaxar. Tetê lembrou da Marina, ligou para a recepção e pediu para a amiga subir. Ela também sentou no chão e os três ficaram horas conversando. A cervejinha acabou, tomaram uísque. Uísque acabou, saíram e, lógico, acabaram na Pizzaria Guanabara. Marina foi embora. Tetê e o surfista viram o dia nascer, andando até o Arpoador, pela beirinha do mar. Falaram, falaram, falaram. Tinham a impressão de que contaram um para o outro, suas vidas inteiras. Ele era carioca, mas estava desde 2005 trabalhando em Belo Horizonte. Sempre que podia dava uma fugida para aquele hotelzinho no Leblon para surfar e matar as saudades da cidade maravilhosa.

O sol já estava bem alto na pedra do Arpoador. Ele de bermuda e camiseta. Tetê com um vestidinho de seda com franjas de miçangas na barra. Tomaram café num boteco, voltaram para o hotel e trocaram telefones. Ela tinha uma última reunião pela manhã e voltava para Curitiba logo após o almoço.

Já no avião, ela pensou que ele era um homem que poderia, vez ou outra, freqüentar a casa dela... mesmo porque ele morava longe... e um surfista... bem, um surfista é um surfista. Não pega no pé, tem uma outra cabeça, outros interesses. Aliás, ele tem uma cabeça linda. Cabelos lindos. Olhos lindos. Corpo lindo...

E um surfista de verdade deixa recados na secretária do celular dela, que ela houve enquanto aguarda as bagagens na esteira do aeroporto. Um surfista de verdade diz que tem saudades e que não parou de pensar nela desde o café da manhã no boteco...