domingo, junho 29, 2008

Depois de várias gotas d'água: a bonança

Finalmente Tetê foi jantar com o Mário do Dupont preto laqueado! Ela adiou o quanto pode, remarcou três vezes, deu três desculpas bem esfarrapadas e ele acreditou em todas, sem questionar... o que acendeu, sem dúvida, um alerta vermelhinho básico: um homem que insiste de uma forma tão meiga, que é tão complacente, tão bonzinho... ih... problema à vista, com certeza!

O jantar transcorreu numa boa, ele escolheu um bom vinho mas deixou que ela escolhesse o prato: "tanto faz, você é quem sabe". Convidou-a para um cineminha no dia seguinte e ela perguntou qual o filme: "tanto faz, você é quem sabe". Perguntou se ela queria sobremesa e pediu que escolhesse a dele também. Depois de pagar a conta perguntou se ela queria esticar num barzinho, ela podia escolher qualquer lugar... ela deu o nome de dois lugares e perguntou qual ele gostava mais: "tanto faz, você é quem sabe". Ah! Então tá bom! Tetê entendeu porque um homem lindo como aquele estava disponível.

Mário era do tipo bonzinho. Aquele homem que impressiona na primeira vez e perde as rédeas depois da segunda frase. É o homem que aceita tudo, não tem voz ativa e, mesmo frustrado com alguma situação, continua sorrindo gentilmente. Tetê conheceu duas versões desse tipo de homem e não gostou de nenhuma delas. Primeiro, o cara que diz "tanto faz" pra tudo porque não está nem aí, e segundo – e pior – porque não tem personalidade alguma e acha que o mundo é assim mesmo, um eterno conformado diante dos fatos.

Ah, não! Depois de tantos homens complicados, um "tanto faz" não estava nos planos de Tetê! Ela toma decisões o tempo todo por ela mesma – e agora pelo Beto Grude Gabbana. Ela escolhe galerias, artistas, molduras, ração para o Beto, champagnes, convites, roupas, sapatos, coleiras para o Beto, mestres de cerimônias, assessores de imprensa, brinquedos para o Beto, patrocinadores, logomarcas, pediatras para o Beto, funcionários, anéis, pulseira, brincos, pets para o Beto, perfumes, bolsas, restaurantes, tosas para o Beto... como lidar com um homem que precisa que ela faça as escolhas por ele?

Ela não quis escolher o barzinho, disse que preferia ir para a casa e ligar para ele na próxima semana. Advinha o que ele disse??? "tanto faz, você é quem sabe". E ela soube, e como soube! Soube que não há elegância que supere a falta de iniciativa de um homem. Soube que uma noite com o Beto Grude Gabbana é muito mais divertida do que uma noite com um homem que não se posiciona. Soube que não tem vontade alguma de "dirigir" uma relação. Soube que onde não há discussão não há glamour. Soube que odeia fazer o papel de homem, tendo ao lado um homem que faz o papel de mocinha comportada. Soube que odeia quando um homem telefona para ela quinze vezes por dia, ela pede para ele ligar dali a 10 minutos, e ele liga meeeesmo. Soube que homem que é homem, tem que bater de frente com ela. Competir com ela. Discutir com ela. Desafiar as vontades dela. Desobedecer as ordens dela. Responder à altura as provocações dela. Discordar dela. Guerrear com ela. Fazer confusão com ela. Atacar as idéias dela. Caso contrário... tanto faz para ela...

Voltou para casa furiosa por ter desperdiçado uma noite com o Dupont preto laqueado e chegou a conclusão de que esta era a gota d'água. Na verdade, esta era a cachoeira! Da próxima vez que um homem insistisse tanto, ela não deixaria mais o Beto sozinho, tadinho dele. Ele sim, tinha personalidade forte. Ele sim, olhava para ela como quem diz: ou me dá essa sandália que tem um saltinho gostoso de morder, ou para mim será a gota d'água. E Tetê, feliz e satisfeita, tirou dos pés sua Glória Funaro, satisfez o Beto e se sentiu em paz. Profundamente em paz. Até ligou para o ator ma-ra-vi-lho-so, de tanta paz!!! Com ele, as gotas d'água sempre foram outras... e ela queria uma bonança básica, que só ele tinha...


sábado, junho 21, 2008

Jump de uma, castigo de três

A semana foi intensa: reuniões todos os dias, planejamento de novas exposições, frio de O°, jantares... mas Tetê não descuidou da coisa mais poderosa que as mulheres têm: as amigas. Lembram das dorzinha "ali do lado, bem acima do quadril" da Drica? A amiga continuava se queixando e Tetê marcou um clínico geral de confiança, o famoso médico de família.

Drica explicou ao médico, bastante chateada, que a dorzinha chegara no mês passado e não ia embora de jeito algum. Doía para sentar, doía para dormir, doía para levantar, doía para dirigir, doía para andar. O médico fez trilhões de perguntas e trilhões de exames e finalmente localizou o exato lugar da dorzinha – Drica pulou quando ele colocou a mão exatamente no ponto, e ele deu de ombros, explicando que não era nada sério desde que ela tomasse alguns cuidados pois havia um problema num ligamento que tenderia a passar com o tempo.

Drica voltou da sala de exames e ouviu, aliviada, que não tinha nada sério e que se seguisse direitinho as recomendações o incômodo não tardaria a passar. No meio das recomendações, o médico perguntou o que ela fazia quando sentiu a dorzinha pela primeira vez. Drica, visivelmente nervosa e angustiada, gaguejou:
- Eu... estava fazendo jump...

Tetê se virou para a amiga com cara de quem viu um fantasma. Jump? Drica? Drica no Jump? Academia? Drica? Ginástica? Drica na Academia? Aquilo soava surreal demais... mas ficou quietinha ao notar que a amiga lhe lançou um olhar de súplica urgente, como quem implora por nenhum comentário.

O médico pediu a Drica que durante os próximos três meses não chegasse perto do Jump novamente e ela prometeu distância da atividade. Tetê olhou novamente para a amiga e viu uma lágrima rolando. Teve certeza, nesse momento, de que algo muito, muito, muito, muito errado mesmo estava acontecendo ali. Diante da lágrima da paciente, o médico se desdobrou em palavras gentis, garantindo que eram só três meses, que depois desse período ela deveria voltar lá para se certificar que o esforço pela abstinência da ginástica teria valido a pena. E a cada palavra do médico, Drica chorava mais. Até o momento em que Tetê decidiu acabar com aquela consulta depressiva, disse que ajudaria a amiga a se manter longe do Jump pelo tempo que fosse necessário, amparando-a em todas as recaídas, etc., etc., etc.

Saíram da sala do médico e Tetê perguntou que diabos Drica fazia numa academia fazendo Jump, e porque estava sendo tão difícil abandonar a prática que – pensava Tetê – a amiga abominava. E Drica, muito sem graça, contou que o Jump na realidade não era bem uma modalidade de ginástica, mas um garotão que conheceu recentemente, extremamente atlético, e que juntos praticaram atividades de altíssimo impacto... e agora, ela não poderia ter atividades nem de médio impacto durante três meses!

Que situação deprimente! Só havia uma atitude a tomar diante de tamanha desgraça: convocar as amigas loucas para uma noitada. E juntas, Tetê, Drica, Má e Lu foram afogar as mágoas e tomar um pilequinho homérico no Hermes. Saíram de lá altamente solidárias com a Drica, às 3 da manhã, meio miando, meio engatinhando, e prometendo que nenhuma delas praticaria atividades de altíssimo impacto durante o período de convalescença da Drica. No dias seguinte, as três acordaram em pânico: qual o castigo que teriam se quebrassem a promessa? Escondido da Drica, lógico... E Tetê ainda tinha o jantar com o Dupont preto laqueado dali a dois dias...

segunda-feira, junho 16, 2008

Elegâncias, sincronias e charmosos personagens em encontro na plataforma...

Em outubro do ano passado, YSL – em campanha de lançamento do Elle – criou uma ilha no Second Life, onde os visitantes podiam criar obras inspiradas no perfume. Elegantérrimo, optou por duas cores conhecidas na nova ambientação: verde e rosa.

No final de semana passado, elegantérrimo, Jamelão entrou numa viagem virtual – sem volta – saindo das cores de sua ambientação conhecida: verde e rosa.

Os dois eram paixões eternas de Tetê. Os dois eram estrelas. Os dois andavam com ternos personalizados. Os dois desfilavam. Os dois exalavam alegrias infinitas. Os dois eram fanáticos por suas artes e suas escolas. Os dois atraíam multidões. Os dois fizeram do mundo uma avenida mais charmosa. Os dois criaram tendências. Os dois confeccionaram conceitos. Os dois puxaram verdades. Os dois fizeram chorar. Os dois foram brincar na plataforma da estação (Primeira!) virtual.

Em Mangueira, quando morre um poeta todos choram. Na alta costura, quando morre um gênio, também. Se esses dois resolverem se encontrar na plataforma do Second Life será um escândalo. Tetê tem certeza absoluta que YSL olhará para o terno verde e rosa de Jamelão e reclamará do corte. Também sabe que Jamelão, no seu bom humor habitual, mandará YSL procurar sua turma. YSL oferecerá um champagne e Jamelão virará a mesa pedindo uma cachaça básica. No final do jogo virtual, no entanto, os dois sairão abraçados: YSL com os elásticos de Jamelão enrolados nos dedos. Jamelão com a gravata de YSL toda torta por cima do terno. Será que, como pioneiro e anfitrião na plataforma, YSL poderia fazer a gentileza de usar um terno branco e um chapéu de palha? Afinal, a música de Jamelão não é de levantar poeira...

quarta-feira, junho 11, 2008

ai-me-u-de-us-que nóóóóó

Mesmo morrendo de vontade de ir jantar com o Dupont preto laqueado, Tetê decidiu continuar sendo elegante. Prolongou o mais que pode o telefonema, até ter uma boa idéia. E teve: no dia seguinte ela havia se comprometido com a Drica para ver a Parsons Dance. No outro dia seguinte estava comprometida com o ator ma-ra-vi-lho-so. E no outro outro dia seguinte tinha um jantar com amigos. Ora! O Dupont precisava saber, desde o início, que ela não estava assim tãããão disponível (mesmo que estivesse beeeem disponível...). Optou por marcar o jantar para a próxima semana, e mesmo assim, ele achou ótimo. E Tetê achou mais ótimo ainda, pois o interesse dele só cresceu.

Tetê realmente foi ver a Parsons Dance com a Drica. Um frio de matar, mas as duas lá no teatro, firmes. O primeiro número não foi muito empolgante, o segundo também não... o terceiro também... mas veio um intervalo e elas saíram para tomar um café e decidir se ficavam ou iam embora. Ah! Ficaram! Eram vários bailarinos no palco, com coreografias que lembravam um pouco o Hair e, como disse a Drica, meio american way of life, e elas esperavam algo explosivo com Débora Kolker. Mas era um bom espetáculo, afinal. E começou outro número... e outro... e eis que de repente elas suspiraram simultaneamente.

No palco, sozinho, sem camisa, calça branca, um belíssimo exemplar masculino. Belíssimo não, o homem era perfeito. No tamanho certo. Na cor certa. Nos trajes (ou na falta deles) certos. Com movimentos certos. Era uma cena perfeita, inebriante, mágica. Aquele exemplar perfeito tinha a pele negra e os cabelos (again...) compridos (again...) presos com milhões de miçangas, que balançavam pra lá e pra cá de forma hipnótica para Tetê. O tempo parou ali e Tetê parou nas trancinhas com miçangas.

Tetê perguntou a Drica o que fazer para conhecer as trancinhas, mas Drica não respondeu, estática que estava. Foi tudo muito rápido, muito violento e explosivo. Nem Débora Kolker com o espetáculo Nó conseguiu prender tanto a atenção de Tetê em torno de nós como o tal bailarino com trancinhas com miçangas. Ela pensou que poderia rezar um terço naquelas miçangas. Que passaria horas desatando aqueles nós, naqueles cabelos. Que daquela noite em diante, seria discípula de Nossa Senhora Desatadora de Nós. Que se tornaria uma Bandeirante e aprenderia tudo sobre nós. Que aprenderia a pescar para dar nó de pescador. Que faria um curso de cabeleireiro no SENAC. Que faria especialização em cultura afro. Que estudaria ballet. Que mudaria para N.Y. e seria camareira da Companhia. Que se ofereceria para lustrar as miçangas dele todas as noites. Que aprenderia todas as músicas do Milton Nascimento. Aliás, iria até o Milton, pessoalmente, para analisar as tranças e as miçangas dele. Que se atualizaria em hidratação nos melhores salões de Ipanema...

Mas acabou o espetáculo e Drica fez Tetê voltar para a realidade. Não adiantaria ir até o camarim... o que dizer para o deus afro e suas tranças com miçangas? Eram onze e meia da noite, estava 2 graus lá fora e elas tinham que acordar cedo no dia seguinte. Sem tranças, sem miçangas, sem dancers. E, para completar, Drica estava se queixando de uma dorzinha bem aqui do lado, em cima do quadril. E era verdade pois Tetê notou que a amiga se remexeu bastante na cadeira durante o espetáculo, mas, egoísta e hipnotizada que estava, não deu a atenção devida para a dorzinha da amiga.

Tetê voltou para casa sem dancers, sem miçangas nem tranças, mas com duas incógnitas: o que tinha em casa com nós para ela desatar? O que seria a dorzinha da Drica? Tetê dormiu sem nenhuma resposta. Preocupada com a amiga e inteiramente enrolada com nós.

terça-feira, junho 10, 2008

Fogo amigo. Amigo? Só amigo???

As amigas da Tetê estavam no inferno astral – independente das datas em que faziam aniversário. As casadas estavam em crise... e as sozinhas... se sentiam pior ainda. Mas uma fazia aniversário de verdade e era isso que importava. As outras tinham a obrigação de segurar a onda daquela que ficava mais velha, e a obrigação maior ainda de esconder a cara de enterro e aparecerem lindas na festa.

Depois de uma certa idade é um saco comemorar o nascimento! Além do próprio, a gente passa a comemorar o nascimento de mais uma ruga e do mais novo furinho de celulite. Mas já que a idade chegava para todas e fazia tempo que não se reuniam, foi um tal de tirar do armário aqueles vestidinhos que há muito não encontravam razão de ser, os sapatos, as bolsas, as jóias e adereços que não usavam mais por pura falta de oportunidade. Apareceram todas solidárias e lindas para o niver da Cris: um vestido turquesa com um belo casaco branco. Um terninho preto com um lindíssimo par de botas verdes e colarzinho básico de esmeraldas. Um tailler pérola com um magnífico sapato vinho. Um macacão marinho e adereços vermelhos. E assim por diante, até chegar na Tetê, simplesmente de saia dourada, blusa desfiada branca e uma bolsa branca Fendi transadíssima. E a festa era só para mulheres!

Bebidinha vai, bebidinha vem, Cris recebe a ligação de um amigo. Que logo notou a festa rolando e perguntou se podia ir também e levar outros amigos. Resposta positiva na ponta da língua e a campainha não demorou a tocar, trazendo com o dim dom quatro amigos fan-tás-ti-cos! E Tetê, lógico, elegeu um deles como o mais cute da história. Mário. Bonito nome! Lembrava mar, lembrava rio, lembrava tudo o que era gostosinho. E o tal Mário, sentado ao lado dela, demonstrava todas as qualidades imprescindíveis de um homem: charmoso, inteligente, bom papo, bom terno, booom cabelo comprido (ai, mas tinha terno), boooom sapato, boooom celular Prada que tocava Bolero de Ravel... e o melhor de tudo, o que definiu a noite: ele tirou do bolso do paletó uma cigarreira (sim, isso ainda existia nos homens de bom gosto) e... um isqueiro Dupont preto, laqueado! Tetê ficou desconfiada. Seria realmente um Dupont preto laqueado, legítimo? E resolveu abrir a própria cigarreira (conexão estabelecida instantaneamente e sem palavras...), movimento que o fez voar com o Dupont para acender o cigarro dela. E assim, bem pertinho dos olhos, ela viu a assinatura original no isqueirinho!

Como Tetê estava na marca do quarto Jack Daniel's, a descoberta do Dupont de Mário se tornou extremamente perigosa. Antes de fazer besteirinhas, achou mais elegante sair à francesa e sozinha do que agarrada com aquele mar, aquele rio, aquela coisa cheia de charme e objetos interessantes grudados nela. Sabia que se ele estivesse realmente interessado, conseguiria o número dela. E, muito contrariada emocionalmente – mas satisfeita com a elegância que se forçava a ter (ai, que raiva...) – se despediu de todos e snif que ódio de ser elegante foi embora snif que ódio de ser elegante sozinha snif snif snif que ódio de ser elegante.

Dia seguinte... o Prada preto dele acordou o D&G dourado dela, com a seguinte sentença:
- Bom dia, Tetê, é o Mário. Por acaso você ficou com meu isqueiro?
- Humm... bom dia, Mário. Não, não fiquei com seu isqueiro. Estou olhando minha bolsa agora, e ele realmente não está aqui. Você não o esqueceu na casa da Cris?
- Não Tetê, mas não se preocupe. Será que hoje você pode ficar com ele? Enquanto jantamos...

Ai. Ai. Ai. Paraíso again??? E com direito a um Dupont preto laqueado, um mar, um rio???

terça-feira, junho 03, 2008

Oran, Argélia: 1/8/36 - Paris, França: 1/6/08

Domingo frio. Cu-ri-ti-ba. Um balde alaranjado de pipoca assistia – pela 11ª vez, ao lado de Tetê – Camille Claudel. Beto Grude Gabbana que acabara que perder o último dentinho de leite (Sim! A Fadinha do Dente passou por ele!), briga com um pedaço de cenoura baby orgânica aos pés da cama.

Camille começa a enlouquecer e Tetê ouve o telefone tocando. Dá uma pausa no filme para ouvir uma notícia catastrófica, na voz de uma perua inconsolável: YSL morreu. Tetê levanta e vai até a porta da geladeira, onde mantém um grande cartaz com a frase: A roupa mais bonita para vestir uma mulher são os braços do homem que ela ama. Para as que não tiveram essa felicidade, eu estou aqui. Assina: Yves Henri Donat Mathieu-Saint Laurent.

E agora que ele não está mais aqui? Quem vai vestir as mulheres do mundo que não estão nos braços dos homens que amam? E dentre essas mulheres, quem vai vestir Tetê? Ela não está mais nos braços do homem que ama, Camille não está mais nos braços de Rodin, Carrie não está mais nos braços de Mr. Big, Sabina Spielrein não está mais nos braços de Jung, Ethel Michanowski não está mais nos braços de Einstein, Marilyn Monroe não está mais nos braços de Kennedy, Frida não está mais nos braços de Diego... e ele morre! Como assim, YSL morre???

Desde 62 – quando largou Christian Dior – as três letrinhas são sinônimos de conforto espiritual pleno para todas as mulheres. Responsável pela nossa comodidade, nos deixou trabalhar e badalar com calças compridas. Quer dizer, com o insubstituível smoking feminino, chiquérrimo, imortal, meigo. Todas nós, sem exceção (lógico... tirando as punks, funks, rocks e afins) temos uma linha divisória: antes e depois do "Le Smoking". E nada mudará isso.

Das passarelas até o Metropolitan Museum of Art em Nova Iorque, YSL nos vestiu, nos mimou, nos ninou em braços imaginários. Perfumadas e amadas. Enlaçadas, chorosas, charmosas, saudosas. Em 2002 ele quase nos mata de susto, anunciando sua aposentadoria e se retirando das passarelas. E agora, em 2008, ele nos mata verdadeiramente.

Tetê e todas as amigas fizeram do resto do domingo um dia de homenagens silenciosas. Tetê largou a pipoca e Camille Claudel e se conformou em dar a notícia para todos os nomes femininos da agenda. Até o Beto largou a cenoura baby orgânica dele para se solidarizar com o espírito abaladíssimo de Tetê.

A verdade nua e crua é que ele se foi para sempre. Além do "Le Smoking" e das peças publicitárias polêmicas nas quais ele próprio era o modelo (nu), ele deixa dois tipos de medos no ar: 1º - Valentino também já anunciou sua aposentadoria.... 2º - Tetê não tem mais o consolo básico por não estar nos braços do homem que ama, o que significa uma nova temporada de caça, lógico. Porque nua, ela não pode ficar... não por muito tempo... não agora, sem YSL...