terça-feira, novembro 06, 2007

Desapontando o Roger com um docinho

Definitiivamente, Regina Duarte tinha que sair da Tetê. Ela jurou que teria uma despedida dupla: da Regina e do ser esquisito. Mas para isso, teria que encontrá-lo mais uma vez....
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Sem a mínima chance de ligar para o celular daquele idiota, passa um e-mail lacônico. Ele responde! E marcam um encontro que ela jura, jura mesmo, que seria o último.
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Ele chega com uma caixinha de papelão na mão e Tetê se ilumina! Fosse o que fosse, dois anos depois de "freqüentá-la", ele trazia alguma coisa. Tetê esquece da depressão, do complexo de rejeição, das noites mal dormidas, dos dias cinzentos e se joga nos braços dele. Descobre, emocionadíssima, que na caixinha tinha um docinho. Que meigo! Esse homem era mesmo perfeito!!! Fazia dela gato e sapato, e justamente no dia em que ela decide mandá-lo embora para sempre, ele traz o que? o que? o que? Um docinho! Era a coisa mais gentil que um homem já havia feito. Danem-se os outros homens com seus presentinhos fúteis como anéis de brilhante, cruzeiro nas Bahamas e aquele natal em Nova York. Aquilo sim, na frente dela, é que era um homem de verdade, o resto... bem, era um resto.
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Tetê faz um café, coloca uma mesa linda, flores, velas, a louça linda (presente do deus grego), e sentam para o café. O docinho era maravilhoso, elegante, lindo, artístico, romântico, contemporâneo, e significava um compromisso, ela tinha certeza disso. Era óbvio que o docinho significava que ele a amava e que nunca mais a magoaria, nunca mais a faria chorar, entenderia sua tpm, sua fragilidade, sua depressão, seu ciúme. Imagine se um homem leva um docinho para uma mulher e não quer dizer todas essas coisas lindas!!!
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Enquanto saboreavam o docinho, ele colocou sua mão em cima da mão dela, com todo o carinho do mundo. Ela estava enlevada com aquele clima romântico e sua mente se dividia entre duas atitudes práticas que teria que tomar depois que ele dissesse eu te amo: trocar a cama por uma muuuuuito maior (afinal, ele passaria a dormir todos os dias lá, depois do docinho) e jogar fora metade dos seus vestidos e sapatos para dar lugar no guarda-roupa para aquelas lindas roupinhas puídas dele (porque, sem dúvida, depois do docinho, ele se mudaria para o apartamento dela).
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Ele também estava enlevado e quase sem palavras. A emoção que ele transmitia – ela podia sentir – parece que se materializaria em questão de segundos. Ela resolve ajudá-lo, pois é lógico que ele estava sem graça em dizer que a amava e que a assumiria daquele momento em diante, para o resto da vida. E pergunta, delicadamente, porque ele havia lembrado dela e trazido aquele docinho. Ele, ainda tomado pela emoção, gagueja e responde, hesitante:
- É que eu fui jantar com a minha ex. Ela esqueceu que eu não gosto de doce e pediu esse aí. Pra não magoá-la, mandei embrulhar. E pra não jogar fora, trouxe pra você.
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Tetê lembrou do Roger e caiu no choro. E o ser esquisito ali, apavorado, só conseguia perguntar porque ela estava chorando tanto:
- Foi alguma coisa que eu disse? Foi? Responde, Tetê, foi alguma coisa que eu disse?
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Como ela não conseguia responder, ele decidiu ir embora. Afinal, uma mulher que chora sem motivo, para ele, não servia pra nada.

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