sexta-feira, janeiro 23, 2009

Tempo, tempo, tempo, tempo.....

O tempo passou! Passou Natal, passou Réveillon. Passou dia, passou outro dia. Tetê voltou ao Ile de France e ao Old West sozinha algumas vezes. Estava completamente avessa a companhia, com uma tolerância para agüentar pessoas por, no máximo, uma hora. Ela não queria explicar (ou não sabia) o que estava acontecendo, mas deixava escapar que uma mudança enorme estava começando a se armar. E foi assim, quietinha, que arquitetou uma nova vida em menos de dois meses.

Em primeiro lugar, mudou o escritório de lugar. Saiu de uma charmosa casa antiga no centro histórico da cidade e escolheu a dedo um conjunto de três salas num moderno centro empresarial. Montou uma nova empresa, numa área de atuação completamente diferente e agora administra dois empreendimentos ao mesmo tempo, com o maior pique. Acha uma delícia chegar ao novo endereço e ter múltiplos elevadores com ascensoristas, porteiros, zeladores e garagistas que a cumprimentam pelo nome e são extremamente gentis. Trocou de secretária.

Deu um novo corte no cabelo e deixou-o um tonzinho mais claro. Lógico, mudou o cabeleireiro também. Voltou a usar as saias justas com blaser, que havia largado no fundo do armário quando começou a priorizar os jeans. E na sexta-feira passada, perto das 8 da noite, se sentiu enjoada. Um enjôo enorme, uma dor de cabeça irritante, um mal estar absurdo que persistiu no sábado e no domingo. E na segunda, quando acordou, notou uma outra mudança significativa: tinha parado de fumar! Tetê, nos últimos tempos, estava fumando três carteiras de cigarro por dia, e parou assim, sem sentir, de repente.

Lógico que rolou aquela limpa de final de ano nos armários, com sacolas de roupas saindo e outras tantas entrando. Sacolas de sapatos saindo, sacolas entrando. Sacolas de colares e pulseiras saindo, sacolas...

Beto também entrou na roda. Também trocou o corte de cabelo e está absolutamente verão, pelo curtinho, todo fresquinho. Sob protestos, também largou brinquedinhos antigos para trocar por novos. E começou a comer ração para adultos, além de já ganhar quatro cenouras baby por dia e dois graaaaandes pedaços de mamão com beterraba antes de dormir.

E as mudanças não pararam por aí... Tetê também trocou de afetos. Quer dizer, jogou fora afetos, planejamentos e idéias pré-concebidas sobre afetos. Havia gente à beça ao seu redor, mas ela não se sentia muito acompanhada, não. E já estava diminuindo todas as suas expectativas com relação às pessoas. Então, aproveitando a limpezas e sacolas que se jogam fora... lá se vão pessoas insossas pelo ralo!

Tetê conheceu um homem incrível no meio de todo esse furacão. No elevador do escritório novo! Vizinhos! O elevador estava cheio e eles estavam bem juntinhos. Tetê pisou no pé dele, pediu desculpas. Quando ele saiu, a abotoadura engatou na bolsa de Tetê. Ele disse que era vingança por ter tido o pé perfurado pelo salto agulha dela. Ela disse que chamaria os seguranças pois a abotoadura dele estava roubando a bolsa dela. Os dois riram e foram tomar um café gelado. E desde então, eles saem juntos e se divertem.

Todo mundo achando que está tudo igual??? Pois não está! Tetê nunca deixou ele chegar perto do elevador da casa dela! Ela freqüenta a casa dele. Pode ser passageiro, pode ser aquele tipo de decisão que se toma ao começar o ano e depois a gente relaxa... mas pelo menos por enquanto, pisar na casa de Tetê está fora de cogitação.

Todo e qualquer candidato a homem daqui para frente, será tratado por Tetê como ela já foi tratada por um: ela vai usar, vai aproveitar tudo de bom que eles tem para oferecer, depois vai enjoar e não vai querer mais. Do jeitinho que foi com o cigarro, que era bom demais e de um dia para o outro, deixou de ser. Como qualquer sacola de roupas usadas que ela joga e substitui por outras. Ela não quer mais dividir nada seu com ninguém. Nem casa, nem lençóis, nem café da manhã, nem toalhas felpudas. Muito menos o Beto! Também não tem vontade de se encantar, de sonhar, de querer bem, de agradar. Quem foi que determinou que as mulheres não podem fazer isso? Ela está fazendo, e está sendo muitíssimo bem tratada pelo cara do elevador. Se bem que... já está com vontade de chamar a manutenção para substituir algumas peças... Bem, tudo é uma questãozinha básica de tempo, não?