terça-feira, novembro 27, 2007

Representação gráfica do cérebro da Tetê

Depois de tudo, Tetê conseguiu me explicar como se sentia me enviando essa imagem: essa era sua cabeça. Um misto de explosão com muita fumaça em torno dela. Ela sabia agora o que significava uma enorme confusão. E sabia também o sentido da palavra definitivo.
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Tetê sentia saudades dela mesma, das suas amigas, dos seus programas. Sentia saudade de ir ao teatro, ao cinema ou ao shopping, nos bons e velhos tempos em que não ficava em casa grudada no telefone ou verificando de cinco em cinco minutos as mensagens do celular. Dos dias distantes em que ia trabalhar e deixava a casa desarrumada, pois não esperava ninguém. E se alguma visita chegasse de repente, teria que se adaptar à sua bagunça. Da liberdade de desligar o aparelho de som com qualquer cd dentro dele, sem a estratégia psicótica de deixar somente os que ele gostava de ouvir, se por acaso aparecesse repentinamente.
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No fundo, Tetê sentia saudades de sua vida, de sua casa, de seus horários, de suas canecas de nescafé com leite frio, dos arquivos de seu computador, das sacolas de boutique dançando pela sala e indo até o quarto, de deixar a cama desarrumada e de não lavar todas as xícaras antes de sair. Sentia falta do tempo em que vivia para ela e não para ele. E da extrema felicidade de estar viva, que parecia ter ido embora para sempre.
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Ela havia decidido ligar todos os ventiladores do mundo para sumir com essa fumaça o mais rápido possível! Sabia que somente uma força de vontade imensa faria tudo aquilo desaparecer como que por mágica. Mágica??? Não, ela não era mulher de ficar parada esperando que a vida desse um jeito em tudo, como uma beata que senta e reza horas a fio. Ela decidiu colocar a mão na massa e se virar!!! Tomar alguma atitude que funcionasse como um remedinho gostoso e sofisticado, nada daqueles xaropes amargos que reviraram o estômago e serviam para qualquer uma. Tetê não era qualquer uma.
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Pensa daqui, pensa dali, folheia livros da Clarice Lispector, dá um pulinho em Madame Curie, passa por Danusa Leão e Marcelo Gleiser (talvez na física quântica...), visita Fernanda Young, se agarra com os Carls conhecidos e amados – Sagan e Jung – e de uma hora para a outra, chega um insight: no dia seguinte vai se inscrever numa dessas agências de casamento!!! Pelo menos nos filmes e nas lendas da Internet, isso funcionava...

segunda-feira, novembro 26, 2007

O terceiro aniversário de Tetê: a última impressão, a derradeira impressão sobre o cérebro (dele)

Tetê resolveu fazer um teste com ela mesma: até que ponto tinha dignidade? Até que ponto poderia aceitar dividir o ser esquisito com uma fêmea da mesma espécie dele, ou seja, esquisita?
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Lá vinha outro aniversário, lá foi ela telefonar e intimar para ele passar a meia-noite com ela. Ele responde é lógico e ela espera. Nenhuma produção como na primeira vez. Ela esperou de jeans e camisa branca. Encomendou Steak au Poivre do Old West, prato preferido deles.
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Conversaram sobre a fêmea esquisita e minúscula dele, e sobre o deus grego, que Tetê tinha voltado a encontrar com freqüência. Tudo muito morno. Saborearam a comidinha e o champagne. Tudo muito morno Lentamente passaram para a maravilhosa Old West Dessert (maças picadas ao creme, nozes, castanhas, passas, ameixas e mel...). Tudo muito morno. Tiveram um capuccinho cheinho de espuma. Tudo muito morto. E foram para a cama. Tudo muito morno. O celular dele tocou as duas da manhã e ele disse que precisava ir embora. Tudo muito morno.
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Ele saiu e Tetê encheu a banheira com sais, espumas e água morna. E ali, de molho, cercada das velas que não tinha tido inspiração para acender durante o jantar e uma nova garrafa de champagne, Tetê caiu num choro lento, demorado, sentido, dolorido. Vasculhou sua mente e não localizou um momento anterior da sua vida, em que tivesse chorado desta forma.
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Relembrou as loucuras dos primeiros encontros, as sensações maravilhosas que eles dividiram juntos, as risadas, as loucuras, os apertos, as saias justas. Lembrou de três anos de dedicação por um homem que sequer sabia que ela existia. Lembrou do quanto ele era dominado pelas mocinhas bonitas, pelas adolescentes esquisitas e cheias de espinhas, pelos hormônios, pela super-mãe, pelas aparências, pelas opiniões, pela urgência de viver a vida feito um adolescente.
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Ele era, sem dúvida, um ser não somente esquisito mas em estado permanente de sumiço. Ele sumia aos poucos, extremamente desalinhado do mundo e distante da coerência, pressionado por valores e indivíduos dos quais era dependente, de uma forma ou de outra. Ele era um ser que precisa se entregar a qualquer um que o pressionasse, para que pudesse enfim, sair correndo dali. Ele vivia em busca de justificativas e incentivos para seus sumiços. Ele implorava para ser colocado na parede, pois só assim conseguia sair com a consciência tranqüila e jogar a responsabilidade dos finais nos ombros alheios. Ele coloca o próprio cérebro e o próprio corpo nas mãos do outro, sempre, e seduzia a todos para que o apertassem. Então, olhava bem dentro dos olhos do outro e dizia:
- Eu avisei que odiava ser pressionado. Você arriscou e me perdeu, estou indo embora por sua causa.
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Tetê visualizou o cérebro dele, o corpo dele, a lembrança dele e o amor que sentia por ele exatamente assim... sumindo, sumindo aos poucos e com um silêncio apertado, sufocante. Um silêncio que ela não estava sabendo trabalhar.

sábado, novembro 24, 2007

Fazendo murchar uma flor de plástico

Tetê saiu com umas amigas. Começaram o programa visitando uma exposição que prometia ser badalada, e dali iriam para um restaurante.
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Na chegada, Tetê avista seu funcionário... com a amiguinha... Foi uma grande descoberta! A menina era bem pequena mesmo (inclusive na altura). Tinha uma camiseta curtinha mostrando a barriga, uma calça boca de sino (será que é assim que chamam isso atualmente??? Na época do hippies, era) arrastando no chão e com a barra imunda. Os cabelos mais vermelhos do que aparentavam ser na foto e, pasmem: uma flor de plástico no cabelo. Exatamente isso!!! Uma flor de plástico, daquelas de vasos de R$ 1,99 ou de bebedouro de beija-flor, pregada no cabelo. Tetê acha que viu um piercing no nariz também.
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O vexame foi eminente. Sem conseguir explicar para as amigas o que estava se passando, começou a rastrear a galeria com os olhos desesperadamente a procura de um banheiro. Seu estomago lhe enviava mensagens ininterruptas de que não poderia agüentar muito tempo... e parece que foram horas arrastadas até que ela conseguisse perguntar a alguém onde ficava o maldito banheiro.
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Saiu de lá aliviada, mas ainda um pouco mareada e atônita. Tentando ser discreta, pedia as amigas para ir embora mas elas pareciam estar se divertindo. Até que chama uma delas e avisa:
- Tá vendo aquela flor de plástico ali? Ou vocês vão embora comigo agora ou eu vou fazer aquela coisinha murchar embaixo do salto da minha Victor Hugo! E estou falando sério.
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Como convém a um grupo coeso de pesquisadores do CNPq preparando um relatório para a NASA, uma amiga olhou para a outra, que olhou para a outra que olhou para a quarta, e apontaram a porta da rua com o canto dos olhos. Em questão de segundos, estavam ajudando Tetê a liberar o resto que havia sobrado em seu estômago, encostadas numa Kombi verde-limão no meio rua... e nem ao menos acharam um Mercedes... talvez, a Kombi verde-limão fosse o item que mais combinasse mesmo com a punk funk rock de flor de plástico murcha no cabelo! E este conjunto hilário acabou representando tudo o que Tetê não queria para a sua vida.

sexta-feira, novembro 23, 2007

Punk, funk, rock e & Ltda.

Não. Não dava mais meeeesmo. Tetê voltou ao Orkut mais calma no dia seguinte e se arrependeu de ter estimado as melhoras da menina. A menina tinha cabelo vermelho (não ruivo, pintado na cor vermelha mesmo), uma franja de um dedo de comprimento logo após o final na testa, um rostinho vermelho infestado de espinhas e um óculos vermelho. E Tetê sempre foi simpática ao comunismo, não era preconceito, não. Aliás, respeitava essas "tribos" modernas, com certeza! Ela mesma havia usado colares de flores e roupas coloridas e saía com os dedos em V exatamente como na música quando era jovem. Então, lógico que outras mocinhas de agora tinham outros modelos.
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O que Tetê não concebia é como o ser esquisito estava com ela e com aquela punk ou funk ou coisa que o valha, ao mesmo tempo. Ah, e com uma outra também, que Tetê não conhecia – e rezava aliás, para não conhecer mais nada nem ninguém que dormisse com ele.
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Tetê queria entender como ele podia aceitar um convite dela para um bom restaurante, se comia cachorro quente no carrinho de rua com a funk punk. Como apreciava suas camisas de seda, se saía com a rockeira de camiseta Hering. Como curtia sua Victoria's Secret se a punk funk usava "roupinhas de baixo" de algodão, como ligava para o seu celular Dolce & Gabbana se a outra tinha um aparelho pré-pago e era, como dizia uma grande crítica de arte amiga de Tetê, era um passo para o desentendimento.
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Tetê sentia que estava perto da solução do problema. A decepção desta vez tinha sido enorme e ela entendeu que se continuasse naquela situação, viveria uma coisa cada vez mais degradante e estaria cada vez mais exposta ao ridículo (e a possíveis perigos, sabe-se lá!). Ouvia a música Nada Mais o dia inteiro e a colocou como chamada de seu Dolce & Gabbana. Toda vez que alguém ligava ela ouvia Desta vez doeu demais... Amanhã será jamais...
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E a grande maravilha estava acontecendo, finalmente! O celular não parava de tocar, dia e noite, noite e dia. E o Desta vez doeu demais... Amanhã será jamais... se tornou mais recorrente na vida de Tetê do que a imagem demoníaca do msm. Será que desta vez ela conseguiria se soltar de uma canoa cafona e voltar para um Eugenio C da vida? Tudo indicava que sim!!! Desta vez doeu demais... Amanhã será jamais...

terça-feira, novembro 20, 2007

Possuída pelo demo (vulgo msm)

O ser esquisito ensinou Tetê a instalar o tal Messenger. Isso foi bem lá no início, logo após o aniversário. Não foi muito porque quisesse se comunicar com ela, mas porque ela contou que uma grande amiga estava morando em Paris e elas gastavam horrores com a conta do telefone. A conta de telefone da Tetê diminui, porém... de forma inversamente proporcional à sua paz de espírito. Tudo por causa do msm.
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Nos bons tempos (em que ele aparecia para dormir), ela entrava todo dia e ele estava lá, on line. Ele nunca a "chamou" para conversar, e quando ela tentava, ele logo colocava aquele maldito sinalzinho de ausente. Mas, em última instância, ele estava lá.
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Depois do xeque mate, ele começou a "chamá-la" sem o sinalzinho de ausente. Lógico que se viram novamente, muitas outras vezes, sempre escondidos da super-mãe. Parece que haviam aprendido a lição e agora mantinham sua intimidade em absoluto segredo. Nada era tão ardente como no início, mas continuava muuuuuito bom. E Tetê estava mais calma, parecia mais feliz e mais centrada. Ninguém sabia que ele estava por trás de sua felicidade novamente.
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Até que naquele espaço de digite uma mensagem pessoal dele, começaram a aparecer algumas coisas esquisitas: se eu ainda pudesse fingir que te amo... (ué, ele nunca amou, quanto mais fingir!), valeu a pena.... (o que poderia ter valido a pena se eles não haviam se visto nos últimos dias?), intenso... (intenso uma ova! O que poderia ser intenso se ele não aparecia há duas semanas???). Tetê não saía mais da frente do computador e daquela tela horrorosa do msm. Acordava e voava cambaleando para o notebook antes do café da manhã, despertava de noite para ligar o computador e estar conectada era a obrigação mais importante do dia ao chegar no escritório. O msm a perseguia como a mais recorrente das idéias que qualquer paciente psiquiátrico poderia ter experimentado, nos mais severos surtos.
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Tetê descobriu a destinatária das mensagens da pior forma possível!!! Um funcionário pediu para conversar com ela. Contou que uma amiguinha sua namorava o ser esquisito. Que havia ficado furiosa pois descobriu que ele tinha outra – e o pior, a outra não era a Tetê!!! Era outra mesmo. E que as duas tinhas se encontrado e colocado o ser esquisito na parede. E que ele, lógico, havia se esgueirado, se escondido numa sala e não falou com nenhuma das duas. Agora, andava atrás da amiguinha dele implorando para voltar, se dizendo arrependido.
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A primeira reação de Tetê foi ficar penalizada pela menina. E seu funcionário, para reforçar a "injustiça" que o ser esquisito havia cometido com sua doce amiguinha, entrou no Orkut para mostrá-la a Tetê e perguntar se ela achava que aquela carinha meiga merecia passar por um trauma destes...
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Tetê tentou confortar o funcionário e mandou uma recadinho de "estimo as melhoras" para a amiguinha dele. Esperou que ele saísse, olhou mais uma vez para as fotos daquela carinha meiga e, do Orkut migrou para o Google rapidamente – numa pesquisa desesperada e urgente: EXORCISMO JÁ - QUALQUER MÉTODO É VÁLIDO.

domingo, novembro 18, 2007

Xeque Mate

Não dava mesmo para continuar daquele jeito. As rugas já gritavam, os olhos sempre enormesde tão inchados, as roupas sumiam no corpo (Tetê é daquelas que param de comer quando sente dor). Andava distraída, displicente com as exposições, desligada de tudo e de todos.
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Tetê imaginava o que podia se passar pela cabeça dele desde o dia do escândalo telefônico que protagonizaram. E ficou com uma pulga atrás da orelha: será que realmente ele disse para a mamãe que estava cansado dela? Afinal, ela não deixou esse homem falar nem uma palavra quando ligou xingando. E resolver perguntar diretamente, sem rodeios.
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Telefonou para ele (ele quase morreu de susto, possivelmente esperando ser xingado ainda mais, mesmo depois de tantos meses). Pediu para conversar pessoalmente e ele foi até o escritório de Tetê na mesma tarde. Negou tudo. Disse que não havia motivo para não despachá-la (isso mesmo, foi esse mesmo o termo que ele usou), se realmente quisesse isso. E Tetê achou muito coerente tudo o que ele disse, pela primeira vez. Ele estava (parecia...) mais maduro, mais sério. E por incrível que pareça, ela não sentiu arrepios ao vê-lo. Ela o entendeu e acreditou que a "urgência psíquica" pela qual passava, havia acabado. Afinal, a mágoa não era com ele, mas com a super-mãe.
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Dormiu aliviada, suave como um anjinho nas nuvens. Foi invadida por pensamentos relaxantes, pela retirada de um peso de seu coração: ela não havia sido rejeitada, ele não havia se cansado dela. E ela até havia pedido desculpas por tantos palavrões que ele nem precisava ter ouvido! O mundo era belo e fofinho novamente, ela se sentia renovada peloa perdões concedidos (os dois haviam se perdoado mutuamente, jurado amizade eterna e se abraçado de maneira fraternal). A vida era novamente azul e rosa! A maturidade havia voltado, a alegria, a maciez do outono, as cores do arco-íris, as borboletas translúcidas voando, a meiguice, as libélulas transparentes, as plumas macias e a ternura batiam à porta novamente! Tetê não tinha mais esse homem, mas era pura e limpa outra vez!!!
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Deve ter dormido uns 30 minutos... e pulou da cama enfurecida: como aquela desgraçada daquela super-mãe podia ter feito isso com ela? Tinha que matá-la! Furar os seus olhos! Tirar suas unhas com pinça! Martelar sua cabeça! Jogar gasolina naqueles cabelos e riscar um fósforo!!!
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Não dormiu mais. Vestida para matar, saiu antes do amanhecer e foi até o escritório. Respondeu alguns e-mails, deixou instruções para a nova secretária (beeeeeem alta, pra não lembrar a anãzinha) e voou para o escritório da super-mãe. Ligou da esquina para se certificar que ele também estava lá e entrou em chamas naquela sala de reuniões. Disse que estava ali para colocar os dois frente à frente e dar o xeque mate: quem estava mentindo, afinal? Não demorou nem 5 minutos ali...
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A super-mãe, olhando-a com fúria, confessou que havia inventado tudo aquilo. Na frente dele, ela confessou!!! Ele não fez nada. Ela não pediu desculpas. Justificou somente que sempre achou melhor ver os dois separados, para que "nenhum dos dois" sofresse. Tetê disse que não precisava ouvir mais nada e saiu de lá. Absolutamente perdida pela cara de pau da super-mãe e pela falta de atitude dele.
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Mais uma vez, Tetê jurou para si mesma... que estava tudo de-fi-ni-ti-va-men-te acabado.

sábado, novembro 17, 2007

Justa Causa

Os meses se passavam e a tristeza de Tetê não diminuía. A saudade apertava a cada dia e ela não tinha mais notícias. Pediu à super-mãe que não tocasse mais no nome dele e jurou que nunca mais olharia para algo que não remetesse a uma extrema normalidade. Dali para a frente, tudo o que tivesse cabelo comprido e fosse diferente despertaria nela um alarme movido a energia solar, ultra-som ou qualquer outro meio físico que fosse!
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Os vernissages se seguiam, ela brilhava profissionalmente como sempre, tentava mostrar uma alegria constante, mas na realidade tudo o queria era acabar rapidamente com esses doloridos contatos com o mundo exterior, voltar para sua casa em silêncio e chorar. O mundo passou a achar que ela andava com TPM constante, ou resfriada, ou com enxaqueca recorrente – afinal, todos notavam que ela não era mais a mesma.
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Em um determinado vernissage, uma garota se aproximou e disse que estava procurando emprego. A menina era bonita, bem arrumada e Tetê, que havia perdido sua secretária uma semana antes, não arrumava tempo para recrutar outra. Deu um cartão e pediu que a moça a procurasse no dia seguinte, quando olha para a porta e vê o ser esquisito entrando!!! Como se nada tivesse acontecido. Ele se aproxima, cumprimenta, dá parabéns pela exposição e diz que vai dar uma circulada, que depois se falam.
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Sentindo-se iluminada, Tetê passa o resto da noite simpaticíssima com todos e de olho pregado no ser esquisito. Que – por sua vez – passou a noite pregado na menina que ela contrataria no dia seguinte...
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Quando os convidados começaram a ir embora, ela vê a menina anotando algo num pedaço de papel. Só podiam estar trocando telefones. E os dois se aproximam dela, juntinhos e sorrindo. Ele diz:
- Que legal, a Aninha me contou que vai trabalhar com você, ela é ótima! Posso te levar pra casa?
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E a tal Aninha diz em seguida, toda derretida:
- Imagine! Ele é que é ótimo! Posso te ligar amanhã então, pra começar na próxima semana?
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Tetê, roxa de raiva, responde simultaneamente:
- Você vai levar esta anãzinha pra casa, que faz mais o seu tipo de papa-anjo.
- E você, está despedida.
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A sorte foi passar por ali na mesma hora um casal conhecido que ouviu o diálogo, puxou Tetê pelo braço para fora da Galeria e a levou ao Ile de France para afogar as mágoas em duas garrafinhas de Veuve Cliquot e muitas lágrimas.

quinta-feira, novembro 15, 2007

O candidato a yuppie e a coroa enxuta

O mundo verdadeiramente tinha acabado e Tetê sentia o peso deste final. Dormia e acordava chorando, não queria sair da cama, não queria comer, não queria falar com ninguém, não queria trabalhar. A super-mãe não parava de telefonar e de dizer o quanto se sentia culpada por ter "falado demais". Mas isso não importava, o que doía era ficar sem ele. Os motivos não mudavam o fato.
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Uma semana depois do desastre, a secretária do ser esquisito telefona e convida Tetê para sair. Estranho, mas o que não era estranho naquela situação? A menina tinha uns 22 anos aproximadamente e por alguns instantes Tetê pensou que um ar de juventude pudesse lhe fazer bem. Marcaram num barzinho, extremely young. Escuro, escuro, escuro, num porão... rock, rock, rock e muito whisky nacional. Tetê pediu uma cerveja, depois outra, depois outra. A música e o ambiente lembravam o ser esquisito: todo mundo de cabelo comprido, roupas muuuuito casuais, todo mundo "doidão". A menina disse à Tetê que um amigo estava interessado em conhecê-la, e Tetê concordou. Concordava com tudo naquele estado de embriaguez estúpida em que estava.
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O garoto chega perto dela, faz um cumprimento esquisito com as mãos estaladas no ar, e solta um e aí, mana, como é que tá? Tetê diz que está ótima, pede desculpas e levanta. O garoto pergunta aonde ela vai, e como não tinha muito lugar para ir naquele porão, ela diz que vai ao banheiro. O garoto se oferece para entrar com ela!!! Tetê dispensa o que considerou um cuidado geriátrico absolutamente desnecessário, entra num banheiro horrível e decide que precisa sair do porão naquele instante.
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Volta para a mesa para se despedir e pagar a conta, mas o garoto já tinha pago as trocentas cervejas consumidas, e oferece uma carona. Tetê olha mais atentamente aquela coisa jovenzinha: ele era um estudo de yuppie. Um encarada de cima a baixo revela (pelo menos!) uma calça Ellus e uma camisa da Triton. Menos mal... e Tetê aceita a carona. O que ela tinha a perder?
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O candidato a yuppie pergunta se pode subir. Pode. No elevador, pergunta se pode dar um beijo. Pode. Mas no fundo não pôde não, pois Tetê começou a sentir a cerveja embolando seu estômago. Entra em casa feito uma louca e vai direto para o banheiro, naquela situação em que perua alguma quer ser vista, nem em caso de vida ou morte. Mas o menino, bonzinho, entra no banheiro e segura sua cabeça!
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Tetê agradece, pede desculpas pelo vexame, diz que ele é uma gracinha, mas que seria melhor esquecer tudo aquilo e tenta mandá-lo embora. Ele não quer ir. Tetê explica que é muito velha pra ele, que ele merece coisa melhor. Ele não quer ir. Tetê explica (desenha...) que está muitíssimo enjoada e que qualquer coisa que necessite de "movimento" não daria certo naquele momento, quem sabe outro dia. Ele não quer ir. E, muito seriamente, ele balbucia:
- Você é uma coroa enxuta, e meu sonho é ter uma namorada assim, que more num apartamento assim, bonito como este.
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Tetê se irrita, manda o menino para o inferno, deita na cama com aquele magnífico terninho de seda branca (já destruído) e pega no sono. Abre os olhos com o sol entrando pela janela e lembra da noite anterior, gargalhando sozinha. E morre de susto: no seu chão de cerâmica branca e fria, aos pés da sua cama, todo enroladinho em posição fetal, está o garoto!!! Só havia uma coisa a fazer e Tetê fez com todo o rigor... amassadíssima naquele terninho ex-branco, cutucou o garoto com o pé até ele acordar. E disparou:
- Coroa enxuta é a sua vovozinha. E voe para a sua casa, antes que eu ligue para a sua mãe!

segunda-feira, novembro 12, 2007

Super mãe, finalmente, aciona o detonador

Pré-feriado, 6 de setembro. Ele havia prometido ir a um show com ela, uma semana antes. Ela liga no final da manhã para confirmar o horário e ele disse que não sabia do que ela estava falando.
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No meio da tarde, ele telefona e ela não quer falar.
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Onze da noite, a super mãe telefona. Conta que conversou com o filho no jantar, e ele foi muito claro: achou uma delícia Tetê ter esfriado com ele. Era tudo o que ele precisava, pois não agüentava mais a insistência dela.
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Tetê virou um bicho. Disse o diabo para a super mãe e tentou o celular dele. Ele não atendeu. Nem no dia seguinte, nem no outro, nem no outro, nem no outro. Até o dia 10 de setembro "mamãe" ligava tentando consertar tudo, dizendo que Tetê estava entendendo errado. A cada ligação, Tetê ficava mais enfurecida. No dia 11, ele atendeu o celular, meigamente. Tetê juntou todas as frustrações acumuladas em dois anos e a última informação da super-mãe. Aos berros, desencontrada, destemperada, sem pudor. Cuspiu todas as palavras e todos os palavrões, xingou a mãe e a décima quinta geração dele durante longos vinte minutos. E ele... nada! Só pedia para ela se manter calma! Como se tudo aquilo não fosse com ele!
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No fundo, o que mais descontrolou Tetê não foi o fato de ficar sem ele ou a possibilidade de que ele pudesse cair fora (ele nunca caiu dentro!), mas o fato de ele ter dito que ela era insistente. Ela???!!! Que nunca perguntou, nunca cobrou, que não ligava nunca, que não pedia, que só se doava e só proporcionava os melhores jantares, os melhores vinhos e champagnes, os melhores programas!!!
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Ao desligar o telefone, ela ainda lembra de ter dito que a mágoa maior foi segurar uma frase durante esses dois anos. Para afungentá-lo ainda mais, ela agora podia dizer sem ressalvas o que certamente o faria nunca mais andar pela mesma calçada que ela... Tetê, finalmente, disse eu te amo. Desligou e sentiu, nitidamente, que aquela dor demoraria muito para passar.

domingo, novembro 11, 2007

Reunião de cúpula com pedigree

Uma luz no fim do túnel: Roger ligou, pediu desculpas, disse que embora estivesse quaaaaase desistindo dela, queria conversar mais uma vez, desde que fosse com mais duas outras pessoas junto, e ela deveria se arrumar muuuuuito pra sair com este trio.
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Ótimo! Era tudo o que Tetê precisava: o amigo de volta e se vestir como elegância! Marcam um encontro para o dia seguinte, mas Roger queria levar as duas outras pessoas ao apartamento dela. Tetê dá instruções detalhadas para a empregada, compra flores e "prepara" (encomenda no bom e velho restaurante Old West) uma mesa linda.
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As oito em ponto o interfone toca e Roger avisa que está subindo com os convidados. Tetê revisa rapidamente a mesa (perfeita), as flores (perfeitas), as velas (perfeitas) e ela mesma – perfeita no jeans Dolce & Gabbana e na camisa básica Elle et Lui. Abre a porta e quase desmaia: ao lado do Roger, os dois ex mais incríveis de sua vida: o cientista e o deus grego.
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Quando Roger percebeu que a amiga estava perdida e que era um peso demasiado para ele, procurou pelos dois. Foi uma noite linda, eles já estavam a par da situação toda e a aconselharam do início ao fim. Roger havia feito um relatório completo, eles sabiam de tudo, sabiam do cabelo do ser esquisito, da mamãe, das outras mulheres, da rejeição, do docinho!!! Ela começou a se sentir melhor quando eles relembraram todas as situações deslumbrantes que viveram juntos, o quanto ela era importante até hoje na vida deles, o quanto ela era maravilhosa, alegre, divertida, intensa. Tudo correu muito bem até que eles a colocaram na parede: o que ela faria no dia seguinte para acabar com essa gente indesejada na sua vida?
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Tetê não soube responder. Tentou explicar que era difícil acabar assim "de uma hora para outra", que não tinha coragem de nunca mais ver o ser esquisito, do quanto se sentia bem com ele nos últimos dois anos (se bem que, juntando todos os dias que passaram juntos, talvez não somasse um mês). Ela sentiu nos olhos dos três a decepção crescendo. Houve um longo silêncio na sala e Roger levantou, chamando os dois para ir embora, já que não havia adiantado nada todo aquele esforço. Mas pediu que Tetê os acompanhasse até o carro, pois havia um último presente. Um último presente e dois cartões... o presente seria dela de qualquer maneira no final, mas o cartão seria escolhido no último instante, pois dependia do posicionamento que ela tomaria.
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Eles descem ainda em silêncio, Tetê envergonhada. Eles abrem o carro de Roger e lá está uma caixa cheia de furinhos no porta mala, com dois cartões. No primeiro, escrito "sim". No segundo, escrito "não. Roger, depois de abraçá-la, lhe entrega a caixa e o cartão escrito "não". Ela olha para o cientista, olha para o deus grego, e sobe com a encomenda.
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No cartão, a frase: "Se você quer algo feio, esquisito e capaz de lhe afastar de tudo e de todos, pelo menos, que tenha pedigree".
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Na caixa, um filhote de bulldog assustado e trêmulo, olha para ela e começa a chorar.

quinta-feira, novembro 08, 2007

O infinito é ridículo e precisa ser remodelado

Tetê contou ao Roger a história do docinho. Ele ficou uma fera, e disse que até Regina Duarte ele agüentava em nome dela, mas uma mulher burra.... isso nunca! Ela ficou arrasada, mas entendeu que para o amigo não havia outra opção a não ser sumir. Eles se amavam, a amizade dos dois era fortíssima e muito leal, mas ela entendeu o cansaço de Roger. Afinal, ele já não a reconhecia. Ele e a torcida do Flamengo, diga-se de passagem.
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Agora ela estava completamente sozinha. Não havia quem procurar e ninguém a procurava a não ser a super-mãe. De tão desnorteada e solitária, ela se entregou à amizade desta mulher que, ao menos, dizia se preocupar com ela. Ligava para Tetê o dia todo, perguntava, aconselhava, falava mal do filho, contava das outras com as quais ele estava saindo. Mas Tetê não tinha mais forças para gritar, para brigar, para implorar, para nada. Ela via o cerco se fechando, ele ainda ligava e aparecia por uma noite ou por outra, mas estava cada vez mais distante, mais frio, mais desinteressado.
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Ela sabia que o tamanho do buraco onde estava metida só aumentava infinitamente... Quando pensou no infinito, levou um susto: ela estava tão "deitada" quanto o símbolo do infinito. E se sentia uma tartaruga virada de pernas para cima – por mais que tentasse se levantar, só gastava energia e aquilo já estava ficando ridículo e sem um pingo de glamour. Entendeu que estava numa bagunça desgraçada e precisa urgentemente refazer alguns itens do cotidiano (e outros nem tão cotidianos, mas que incomodavam), tais como:
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Agenda telefônica, agenda diária, guarda-roupa de outono-inverno, advogado, diarista, secretária, amor, yakult, homem, amante, amiga, amigo, professor de metodologia científica, companhia gay com quem você vai ao teatro, cirurgião plástico, livro de cabeceira, caneca de café vermelha, psicanalista, vaso de violeta cor-de-rosa, moldura dourada, imã de geladeira, impressora jato de tinta, cd da leila pinheiro com música do guinga, decorador, correspondência comercial, ministro da cultura, cigarreira de prata, guaraná em pó, caneta de purpurina, ginecologista, colar de pérolas, alarme (inclusive os falsos), rádio-taxi, estilista, rejeição, celulite, fotografia de pai morto, cheiro de amor morto, grosseria de homem covarde (vivo), física quântica, resenha de livro babaca, saudade do yves saint-laurent, revista semanal de informação, caderno de cultura do Paraná, Paraná, xale espanhol, óvulos que não funcionam, óvulos que funcionam, Mont Blanc que não escreve, bombom da Copenhagen. Ufa! Ela estava pensando novamente!!! Conseguira pensar em várias coisinhas que não ele... era um bom sinal. Sinal que o infinito ainda podia ser revertido, só restava decidir como e quando!

terça-feira, novembro 06, 2007

Desapontando o Roger com um docinho

Definitiivamente, Regina Duarte tinha que sair da Tetê. Ela jurou que teria uma despedida dupla: da Regina e do ser esquisito. Mas para isso, teria que encontrá-lo mais uma vez....
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Sem a mínima chance de ligar para o celular daquele idiota, passa um e-mail lacônico. Ele responde! E marcam um encontro que ela jura, jura mesmo, que seria o último.
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Ele chega com uma caixinha de papelão na mão e Tetê se ilumina! Fosse o que fosse, dois anos depois de "freqüentá-la", ele trazia alguma coisa. Tetê esquece da depressão, do complexo de rejeição, das noites mal dormidas, dos dias cinzentos e se joga nos braços dele. Descobre, emocionadíssima, que na caixinha tinha um docinho. Que meigo! Esse homem era mesmo perfeito!!! Fazia dela gato e sapato, e justamente no dia em que ela decide mandá-lo embora para sempre, ele traz o que? o que? o que? Um docinho! Era a coisa mais gentil que um homem já havia feito. Danem-se os outros homens com seus presentinhos fúteis como anéis de brilhante, cruzeiro nas Bahamas e aquele natal em Nova York. Aquilo sim, na frente dela, é que era um homem de verdade, o resto... bem, era um resto.
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Tetê faz um café, coloca uma mesa linda, flores, velas, a louça linda (presente do deus grego), e sentam para o café. O docinho era maravilhoso, elegante, lindo, artístico, romântico, contemporâneo, e significava um compromisso, ela tinha certeza disso. Era óbvio que o docinho significava que ele a amava e que nunca mais a magoaria, nunca mais a faria chorar, entenderia sua tpm, sua fragilidade, sua depressão, seu ciúme. Imagine se um homem leva um docinho para uma mulher e não quer dizer todas essas coisas lindas!!!
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Enquanto saboreavam o docinho, ele colocou sua mão em cima da mão dela, com todo o carinho do mundo. Ela estava enlevada com aquele clima romântico e sua mente se dividia entre duas atitudes práticas que teria que tomar depois que ele dissesse eu te amo: trocar a cama por uma muuuuuito maior (afinal, ele passaria a dormir todos os dias lá, depois do docinho) e jogar fora metade dos seus vestidos e sapatos para dar lugar no guarda-roupa para aquelas lindas roupinhas puídas dele (porque, sem dúvida, depois do docinho, ele se mudaria para o apartamento dela).
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Ele também estava enlevado e quase sem palavras. A emoção que ele transmitia – ela podia sentir – parece que se materializaria em questão de segundos. Ela resolve ajudá-lo, pois é lógico que ele estava sem graça em dizer que a amava e que a assumiria daquele momento em diante, para o resto da vida. E pergunta, delicadamente, porque ele havia lembrado dela e trazido aquele docinho. Ele, ainda tomado pela emoção, gagueja e responde, hesitante:
- É que eu fui jantar com a minha ex. Ela esqueceu que eu não gosto de doce e pediu esse aí. Pra não magoá-la, mandei embrulhar. E pra não jogar fora, trouxe pra você.
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Tetê lembrou do Roger e caiu no choro. E o ser esquisito ali, apavorado, só conseguia perguntar porque ela estava chorando tanto:
- Foi alguma coisa que eu disse? Foi? Responde, Tetê, foi alguma coisa que eu disse?
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Como ela não conseguia responder, ele decidiu ir embora. Afinal, uma mulher que chora sem motivo, para ele, não servia pra nada.

sábado, novembro 03, 2007

Em busca da Leila perdida

Tudo bem que lembrar da noite em surto, hoje em dia, é charmoso! Mas na época Tetê estava arrasada. Com tanto homem no mundo pra ela aprontar, ela pegou logo um psiquiatra! E o cara ainda diagnostica o surto ao invés de proporcionar uma noite irresponsável... alguma coisa não andava bem...
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Apesar de se sentir isolada e de não procurar os amigos porque morria de vergonha de ter caído numa cilada básica da vida, Tetê toma coragem e liga para aquele famoso amigo gay que toda mulher como ela tem na agenda: um cara lindo, compreensivo, gentil, inteligente, bem sucedido, bem humorado, perfeito em tudo (inclusive, perfeito por ser gay). Os dois marcam uma saída e ela se abre. Conta tudo, como se sentia humilhada, sozinha, perdida, precisando de colo, como estava fragilizada, como queria aquele homem imbecil, incapaz até de ser solidário num momento como este.
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Roger escuta paciente, passa a mão na cabeça da amiga, relembra como ela sempre foi forte, como ela driblou os problemas de cabeça erguida. Lembra dos homens avassaladores que Tetê já teve ao seu lado, dos presentes magníficos, das grandes viagens, das festas deslumbrantes. E principalmente, de como Tetê saía com classe das relações quando simplesmente enjoava delas.
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Tetê não parava de chorar, e Roger cada vez mais impaciente. Absolutamente nada do que ele dizia parecia aliviar a dor da amiga, agora com o rímel chegando perto dos lábios... Já estavam na segunda garrafa de vinho, os garços já olhavam desconfiados, quando Roger, numa última e desesperada tentativa, avisa saltitante que dali pra frente as coisas mudariam: ele acaba de conferir o cardápio e achar petit gateau de sobremesa!!! A vida estava salva!!! Tetê nunca resistiu a um belo prato de petit gateau!!! Mas Tetê recusa a sobremesa, para surpresa do amigo que, neste momento, entendeu a dimensão da tragédia.
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Noite perdida por noite perdida, Roger levanta em pânico, coloca as mãos na cintura e rebolando, aos berros, setencia:
- Não sei mais o que fazer, Tetê! Você sempre foi minha Leila Diniz e agora está aí, afundada numa Regina Duarte e sem rímel à prova d'água! A minha vida acabou e não a sua!
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Pela primeira vez nos últimos meses, Tetê deu uma gargalhada. E percebeu que a desgraça do amigo em conviver com uma Regina Duarte era bem maior que a sua. Nesse momento ela decidiu ajudá-lo a reencontrar a Leila de qualquer maneira, esquecendo a sua própria desgraça!!!