terça-feira, outubro 30, 2007

Victor Hugo: de objeto de desejo à delator

A noite chegou! Ele sempre mencionou um restaurante freqüentado pelo irmão. Dizia que era muito gostoso, bem freqüentado, uma comidinha ótima, um ambiente excelente. Tetê sempre quis conhecer, mas ele nunca a levou. Óbvio! Se o irmão ia, podiam se encontrar por lá e como ele explicaria uma mulher levada por ele a um restaurante tão maravilhoso?
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Tetê sabia o endereço do restaurante, e decidiu ir até lá sozinha, conhecer o irmão e a trupe toda, e seduzir um deles. Seria a vingança! Mas as coisas tomaram outro rumo...
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Ela já entrou no restaurante chamando a atenção de todos. Sorte! Havia um balcão logo na entrada. Como se estivesse em plena New York City e isso fosse a coisa mais natural do mundo (isso em Curitiba é impensável!!), ela sentou sozinha no balcão e pediu um bourbon sem gelo. O copo ainda estava chegando nas mãos do garçon, quando ele vê se aproximar um homem lindo, num terno maravilhoso e com um meiguíssimo Patek Philip capaz de fazer o punho mais rude parecer uma nuvenzinha de algodão...
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O diálogo foi curto e objetivo:
- Você está sozinha?
- Agora não estou mais.
- Posso te fazer companhia e me sentar aqui?
- Companhia, tudo bem. Mas aqui??? Você não consegue pensar num lugar melhor???
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No carro dele, Tetê mente que é telefonista de um consultório odontológico e que se chama Carol... Tudo para parecer simples e não deixar pistas. Enrola e pergunta se ele é arquiteto, afinal ela buscava o irmão do ser esquisito ou a turma dele, todos arquitetos. Ele era psiquiatra...
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Quando entrou no apartamento dele, Tetê perdeu o fôlego com as obras incríveis já a partir do hall. Espontânea e descuidadamente, comentou que aquela máscara de Guto Lacaz era de uma fase mais antiga. Ele perguntou como ela, uma simples telefonista, conhecia Guto Lacaz. Ela, engasgada e roxa por ser pega mentindo, inventou que seu "chefe" tinha uma daquelas!
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No meio da noite ele oferece algo para comer. Ela pede leite e biscoitos!!! Ele demora pra caramba, volta com o leitinho e uns biscoitos de chocolate, e ela resolve ir embora. Prefere chamar um táxi de seu próprio celular tentando não deixar pistas sobre a central que utilizava e voa para casa, num misto de vitória e arrependimento. Uma experiência como esta havia exigido uma coragem além do que ela imaginava ter.
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Entra em casa e seu celular toca, alguém pergunta quem é e ela responde que é a Tetê. E vem a sentença:
- Eu sabia. Além de ser psiquiatra e ter entendido seu leite com biscoitos, você deixou sua Victor Hugo autêntica no meu hall. Acha mesmo que eu não abriria, não ligaria do seu celular para o meu para gravar seu número, e não tentaria conferir depois? Se quiser conversar, estou às ordens!
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Bem, Tetê não se vingou mas é amiga deste homem até hoje! Jantam juntos uma vez por mês, trocam confidências, dão risada de tudo o que aconteceu e pensam em lançar um livro sobre como não deixar pistas quando se quer aprontar de monte por aí. Victor Hugo, quem diria...

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