sábado, outubro 13, 2007

No sex in the no city

A Tetê é assim: passou dos 45 e mora em Curitiba.
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Solteira, independente, empresária. Emocionalmente oscila na mesma proporção de suas roupas – perfeitamente capaz de sair numa segunda-feira de jeans surrado, sandália rasteira e pulseiras de plástico colorido, e na terça se enfiar num tailleur de seda, bolsa Louis Vuitton e um básico anel de 4 cm de largura cravejado de diamantes. Muito casual.
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Já rolou um plástica aqui, um botox ali, e tirando os ataques noturnos a caixas de bombons, consegue manter um corpinho beeeem melhor do que o de algumas menininhas de 20. Celulite sim, mas quem não tem? Barriguinha? Algumas roupas denunciam algo muito light, mas nada que algumas sessões de abdominais (abomináveis...) não resolvam.
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É seríssima no trabalho. Marchand reconhecida, competente, agenda cheia. Dinheiro? Ainda engatinha: é filantrópica e politicamente correta em demasia pra ser rica. Banca seu estilo, paga suas contas, dá bandeiras legais. Só entra em crise quando aparece um novo lançamento na Le Lis Blanc, Elle et Lui, Victor Hugo, Natan e, claro, Louis Vuitton. Quem não entraria em crise profunda diante de situações asisim? Alguém conhece algum gerente de banco sensível o suficiente e que venha em seu socorro num momento dramático e urgente como este? Para gerente de banco, "vital" é conta de maternidade.
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Tetê já namorou muito. Aos 15 ficou noiva de um surfista. Aos 17 descobriu que o surfista era gay. Mais umas bandas por aí e aos 19 resolve casar com um primo. A família tem um enfarto coletivo e ela é mandada para a Europa, como convém a toda boa família e a toda boa moça da época. Na Europa, ao invés de colégio interno, conhece um banda de rock que viajava naqueles ônibus coloridos e desconfortáveis, fazendo shows em fazendas, aldeias e – juro – grandes teatros. Tetê segue em grandes turnês e volta para o Brasil 9 meses depois, quando acaba a grande paixão pelo vocalista.
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Absolutamente "madura" depois da experiência musical, se encanta por um cientista. Lá se vão longos – deliciosos – 7 anos de intelectualidade e experimentalismo quântico. Bom, bom, bom! Madrugadas de fórmulas e livros, palestras e conferências, teorias e boa diversão. E finalmente, um bom sexo. Agora, um sexo maduro. Agora, a entrada no mundo adulto e no entendimento deste mundo. Agora, sim, uma sensação de serenidade. Agora, definitivamente, Tetê conheceu o homem. Pena que foi o único! O último homem normal do mundo!
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De lá pra cá, um desastre ecológico depois do outro: um professor universitário cético, que largou tudo pra se tornar umbandista; um vendedor de livros (!!!) que tinha 5 filhos, quase todos adolescentes; um publicitário falido que se enfiou no apartamento e só saiu com a presença de um advogado; um artista plástico que, pela manhã, levava no bolso os restos de pizza que ela pagava no jantar; um menininho (de verdade, 19 aninhos) que vendia pão integral no prédio; um amigo de infância que era ótimo de cama mas com tantos pelos no corpo que deixava a casa como um velho casaco de pele preto todos os dias; um ator ma-ra-vi-lho-so que durante dois anos nunca tirou as meias pra transar... e por aí afora.

2 comentários:

Anônimo disse...

Ahhh fala sério Tete? cada um heim?
faz parte da vida que cada ser escolhe não é? Se voltarmos o tempo veremos tantas coisas que valeram ou não apena. O importante é que vivemos e muitas emoçoes sentimos.
Gosto do que você escreve. Parabens!!! Ainda mais quando se conhece um ou mais dos personagens
citados.

Tetê disse...

Sabe que quando eu volto no tempo, não encontro nada que não amasse viver novamente? Tudo valeu a pena, tudo vale a pena. Em tudo tem intensidade. Amores nunca acabam, só trocam de lugar no guarda-roupa! Exatamente como no último desfile do Valentino: todos os looks são i-nes-que-cíííííí-veis... embora não dê pra gente sair por aí repetindo...