segunda-feira, outubro 22, 2007

A pré-estréia e a primeira impressão sobre o cérebro (dele!)

Pois é, foi quase. As horas iam passando, os convidados se retirando, os elogios bailando e aquele homem por ali, cercando, prometendo sem palavras, olhando e desviando o olhar e, às vezes, sumindo. É isso, ele tinha uma habilidade que desafiava todas as leis da física: desmaterializava instantaneamente os longos cabelos e momentos depois, voltava sem explicação (característica, aliás, que ele repetiria em todas as outras áreas e situações...).
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Como ele não tomava nenhuma atitude e Tetê estava cada vez mais louca, tomou ela uma atitude desesperada: convidou a super-mamãe para uma esticada. Como toda super-mãe, ela levaria o rebento. E levou outro amigo junto. A cada vez que Tetê olhada para a super-mãe, tinha a impressão de escutar aquela mesma ameaça de uma forma sobrenatural não ouse se aproximar do meu filhinho. Mas Tetê, cética que era, ignorava toda e qualquer mensagem do além. Pelo menos até chegarem no restaurante. Sentada no meio, entre o ser esquisito e a super-mãe, Tetê sente uma mão nas suas pernas. Instintivamente, olha para a super-mãe e ouve, em alto e bom tom, pra não deixar dúvida: Meu filhinho está passando a mão na sua perna???
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Tetê sente um calafrio terrível e resolve enfrentar a bruxa: Está sim, e eu estou adorando!!!. Tinha acabado de assinar sua sentença de morte, coitada... Ele, por sua vez, não se posicionou e riu de forma desajeitada e nervosa. Nem por isso, tirou a mão das pernas de Tetê. O jantar rolando, o vinho correndo solto e o mal estar entre ela e a super-mãe crescendo. Ele, com a mesma mão na mesma perna. E nada mais. Nem um convite, nem uma dica.
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Por alguns segundos, Tetê imagina que é melhor desistir de tudo. E resolve ir embora, pedindo carona para o amigo da super-mãe. Tcham! O ser esquisito dá uma de macho e diz Eu vou junto. Todas as esperanças renovadas e Tetê se despede de mamãe com ares de vitória.
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No carro, ela senta na frente (lógico) e ele atrás. Ele puxa Tetê pelo cabelo, dá um beijo e avisa ao motorista onde é sua casa. Que ótimo! Conhecer a casa de um homem no primeiro encontro é tudo de bom! O motorista pára na frente do prédio e ele desce. Tetê abre o cinto de segurança enquanto ele chega perto dela, na janela, e diz então tá, a gente se vê. E vai embora. Vai embora! De verdade! Ele vai embora deixando Tetê e o amigo ali, parados, abobalhados, extasiados diante de uma situação surreal daquelas. O amigo, gentilmente, pergunta a Tetê onde pode deixá-la, se ela precisa de alguma coisa, se quer tomar um pileque, tentar o suicídio ou ir a um parque de diversões.
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Quando chega em casa, Tetê está decidida a caçar aquele homem pelo resto de sua vida. Nunca, nunquinha, alguém havia feito isso com ela. Se joga na cama e dorme vestida, de ódio. No dia seguinte agüenta até a hora do almoço, quando sabe que a super-mãe não estaria por perto. Liga pra ele, pede que ele anote um endereço e avisa: Na próxima quinta é meu aniversário. Quero você de presente, uns cinco ou dez minutos antes da meia-noite. Obrigada e até lá.

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