sábado, outubro 20, 2007

A eletricidade, a super-mãe e o super-filho

O fato já era irreversível: Tetê queria aquele ser esquisito como jamais quisera outra coisa na vida. De nada adiantou a série de alarmes vermelhos que se seguiu nos intermináveis 30 dias e 30 noites que se passaram, até que pusesse os olhos nele novamente. De nada adiantou, inclusive, saber que o ser esquisito tinha uma mãe poderosa. Homem com mãe poderosa era problema na certa, mas Tetê estava decidida. E foi justamente por causa da mãe que ela reencontrou o ser esquisito num fim de tarde.
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A super-mãe estava interessada na compra de um quadro e chamou Tetê para negociar. Modernéssima, num jeans pra lá de desbotado, bolsa carteiro e cabelos charmosamente desarrumados, Tetê chega na casa da super-mãe, negocia e toma baldes de café durante 2 horas até sair com um prejuízo homérico, mas aproveita a oportunidade de carona que o ser esquisito oferece. Carona, quer dizer, no carro de um casal de amigos que estava na casa, porque é óbvio que ele não tinha carro. No banco de trás, ao lado dele, a eletricidade percorre Tetê por inteira, e ela acredita que está no paraíso sendo deliciosamente eletrocutada. Mas o desastre não tarda: no caminho, o casal para numa bela casa e de lá surge... o filho adolescente do ser esquisito!
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Tetê não entende nada: adolescente não era ele??? Como um adolescente poderia ter ele um filho tão adolescente? A pergunta ainda deixava Tetê atordoada quando o pior aconteceu: ele desce do carro para o filho entrar... no meio dos dois. Onde foi parar a eletricidade? O que tinha acontecido para que ela fosse expulsa sumariamente do paraíso? Seria possível que ele não tivesse sentido aquela onda de calor, de urgência, de delícias? Pela primeira vez Tetê pensou que ele não valia a pena e pela primeira vez, amaldiçoou a super-mãe. Tinha certeza que por trás daquela queda, tinha um dedinho da bruxa.... Se não estava enganada, ao sair, mamãe havia lançado um olhar fulminante e murmurado algo como não se meta com meu filhinho, de forma a não deixar dúvidas sobre quem mandava no pedaço... grrrrrrrr

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