sábado, outubro 27, 2007

A certeza ou indo direto ao ponto (de interrogação...)

Daquele aniversário para cá se passaram 2 anos. Durante o primeiro ano Tetê teve este homem por muitas vezes, sempre quando ele quis. Ela também tentou "querer" algumas vezes e não deu certo. Ligava para o celular e ele não atendia, até que ela lembrou que quando estavam juntos e o celular tocava, ele também não atendia... Percebeu logo que não havia uma outra, mas várias outras.... Neste ponto, a super-mãe tinha razão.
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O mais difícil de encarar no ser esquisito era o desleixo e o défict de atenção com que ele levava a vida. Por vida, entenda-se não telefonar a não ser que quisesse sexo, acordar de manhã e não escovar os dentes (que também não haviam sido escovados antes de deitar), não entender o que significam datas (aniversário dela, de namoro, do primeiro beijo), chegar num lugar onde ela estivesse e cumprimentá-la de longe só chegando mais perto no final da noite para ir pra casa – dela – quando ninguém mais poderia deduzir que eles estavam juntos, nas segundas-feiras contar tudo o que havia feito no final de semana (porque jamais passaram um final de semana juntos).
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Tudo acontecia porque Tetê colocou na cabeça que podia se bancar. Aturava tudo porque dormir abraçada com aquele homem que não soltava pêlos era ótimo, e ela tinha certeza de que ele ainda iria se apaixonar. Afinal, ela nunca cobrou nada, nunca telefonou (Lembram? Ele não atendia mesmo...), nunca perguntou, nunca demonstrou o que queria, nunca disse do que precisava.
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Ele se mostrou sensual em todos os encontros (que ele marcava, geralmente depois das 11 da noite). Divertido, bem humorado, de bem com a vida. Nunca encaixou Tetê em nada: seus amigos, seus programas, seu trabalho. Ela achava verdadeiramente que estava tudo bem: usava e era usada, o que caracterizava uma relação moderna... Ela achava!
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Viveram situações hilárias, gostosísimas e as vezes constrangedoras nas poucas vezes em que saíram juntos – como no dia em que estavam dançando numa boate gay, absolutamente bêbados, e ele resolveu abrir a camisa por causa do calor, causando em Tetê a sensação de que teria que sair no braço com todos os homens do salão, ou quando, num pub, ela retorna do banheiro e encontra uma adolescente sentada em seu lugar (ele tem loucura por adolescentes! Tetê nunca entendeu como o juizado de menores ainda deixava solta uma ameaça como essa!).
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As interferências meigas da super-mãe se intensificavam a cada dia. Tetê fazia de conta que não estava nem aí, mas sozinha, de madrugada, começava a se sentir incomodada e deprimida. Como ela, tão descolada, se permitia passar por tudo isso? Um homem mal resolvido que não tinha a mínima intenção de assumi-la, de levar uma vida mais estável, e uma louca enchendo o saco o dia inteiro, falando mal do próprio filho, tentando afastá-los em nome de um chavão babaca tipo me preocupo com você, falo porque sou sua amiga?
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Tetê tentou todas as fórmulas para largar o ser esquisito e sua mamãe dominadora. Os ataques se tornaram tão intensos, ele se tornou tão instável, que ela desmontou. Chorava o dia inteiro, a noite inteira, se afastou de todos os amigos e não imaginava a vida sem ele. Ele, obviamente, sentiu e fez o que qualquer idiota faria: esfriou! Esfriou tanto que chegou a dormir na sala uma noite inteira. Tetê se sentiu rejeitada e resolveu dar o troco, na moeda em que as mulheres conhecem bem....
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Amanheceu na Victor Hugo: um sandália e uma bolsa depois, deu de cara com uma camisa de babados branca des-lum-bran-te na Le Lis. A saia básica justíssima e com um recorte enorme do lado seria uma italianinha, do verão passado, mas que ainda servia!!! Almoçou no salão e saiu com luzes e uma fantástica escova de chocolate. E esperou a noite cair...

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