quinta-feira, outubro 25, 2007

Hiroshima & Nagasaki. No mesmo dia

Tetê passou o dia encantada depois que ele saiu. E ele saiu simplesmente, sorrateiramente, civilizadamente. Nada mais. Nada mais. Deu tchau e pronto. Nem uma palavra, nem uma alusão a noite que tinham passado, nada mais. Nada mais. Hum... lógico que não haveria uma segunda vez. Ele foi tão lacônico que Tetê não conseguiu sequer ter uma noção clara de que, ao menos, ele havia achado agradável. Mas ela achou agradabilíssimo, adorou a noite, a comemoração e ponto final. Ui. Ponto final, agora? Logo agora? Com este começo tão gostoso? Mas era isso mesmo! Estava feito, ela estava decidida a não procurar e não esperar por mais nada. Tinha conseguido o troféu.
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Ui. Ui. Ui. Será? Será que não podia rolar só mais uma vez? Uminha??? Bem... havia uma maneira gentil de saber: ligar para a super-mãe. Com a voz mais meiga do mundo, Tetê liga para a super-mãe, dizendo que se sente na obrigação de contar o que houve, em nome da amizade que as duas vinham desenvolvendo. A super-mãe escuta, pergunta detalhes que ela, envergonhada, tenta aliviar. Pergunta daqui, pergunta dali, Tetê escapa aqui, escapa ali, e meia hora de papinho depois: TÓÓÓÓÓÓIMMMMMMMM. A primeira bomba cai sobre Tetê sem dó nem piedade! Mamãe desaba a falar: gosta muito dela, acha que ela é a mulher perfeita pra ele, que ficaria muito feliz em ver o casal junto, mas ela precisa saber toda a verdade.
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Ele é um sem vergonha, mulherengo, cafajeste. Sai com todas as mulheres e adora as mais novinhas. Nada passa por ele sem que ele "trace". Ele está traumatizado pelo casamento recém acabado (dois anos atrás...), e nunca mais vai levar mulher nenhuma a sério. Agora mesmo, ele sai com uma cliente e com uma vizinha. Mas mamãe acha que tem uma terceira na jogada. Mamãe ainda diz que não é para Tetê se sentir mal, muito pelo contrário! Ela só deveria esquecê-lo para sempre, mas não precisava se culpar pela noite em que, descuidadamente, havia "cedido" à tentação.
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Tetê se desculpa, engasga, gagueja, tem vontade de tirar com pinça, um a um, todos os cabelinhos de mamãe, mas consegue ser gentil a ponto de convidá-la para jantar num restaurante badalado, quando encontraria um grupo de amigos para festejar "como se deve" o seu aniversário. Desligado o telefone, desligada a Tetê.
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No restaurante ela está mais calma, junto com os amigos, tentando esquecer a primeira bomba. Quando chega a segunda bomba! Super-mãe e seu rebento. Ela faz questão de sentar ao lado de Tetê, na realidade, entre ela e o seu filhinho. E a noite segue assim. Ele olhando para a super-mãe a noite inteira, como que pedindo licença para comer, sorrir, levantar, cumprimentar alguém. Aliás, cumprimentou Tetê como se fosse a primeira vez que a visse.
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Depois da chegada de Nagazaki, não resta nada mais a fazer senão aquele pileque homérico! A família feliz se despede beeeeeeem cedinho e vai embora – ele bem quietinho, cabecinha baixa, atrás dela. E Tetê bebe até de madrugada, tendo que ser literalmente carregada para casa. Não lembra nem por qual dos amigos ou das amigas. Mas lembra da sábia decisão: distância desta gente! Distância da super-mãe que a havia derrotado, e distância do PHD (essa ela viu no fantástico: Pobre Homem Dominado).

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