sábado, dezembro 29, 2007

Um salto no escuro - para o conhecido

Carla e Tetê foram visitar uma amiga, a Fabi, outra carioca morando em Curitiba. Chegaram no final da tarde e se afogaram em lembranças e vinhos. Todos os homens foram lembrados, todas as fotos foram revistas, todos os vestidos foram comentados, todas as histórias passaram por releituras.
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Passava um pouco da meia-noite quando o pior aconteceu: o vinho acabou e ainda tinha muito papo. Só restava sair e procurar um lugar para continuarem a desfilar as lembranças e fofocas. Decidiram ir num carro só, e Carla lembrou que o dela estava duas quadras abaixo. Foram andando e comentando que só em Curitiba mesmo para andarem tranqüilas numa rua deserta e escura. Pelo menos uma coisa boa daqui! No Rio isso seria impensável, no mínimo elas seriam assaltadas.
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Foi quando Tetê sentiu duas mãos vindas por trás e apertando na sua cintura. Deu um grito altíssimo e instintivamente um chute forte, dobrando a perna para trás. Ouviu o barulho do salto de sua sandália quebrando e até hoje lembra da sensação de ter batido em algo duro. E o que se seguiu depois disso ela lembra perfeitamente de ter acontecido em câmara lenta. Aos poucos ela deixou de ver as amigas ao seu lado. Virou para trás e, no chão, estendido e com os braços protegendo o rosto, um corpo de homem encolhido.
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Fabi e Carla estavam enlouquecidas batendo com as bolsas enormes naquele homem estendido no chão. Elas batiam e chutavam, gritavam e choravam. E o homem com a maior dificuldade, gritava mais alto:
- Deixem de ser loucas, eu só tava brincando, conheço a Tetê!
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Foi um enorme desespero. Fabi e Carla não entendiam o que estava acontecendo e não paravam de bater no coitado. Tetê tirava uma de cima dele e assim que largava para tirar a outra, a primeira já tinha voltado. Até que ele conseguiu levantar e ajudar Tetê a segurar aquelas loucas.
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Depois de tudo explicado as duas se acalmaram e só restou a opção de convidar o pobre Rodolfo para tomar um vinho com elas. Antes, tiveram que passar em dois lugares: uma farmácia para improvisar um curativo na perna de Rodolfo e na casa da Tetê, para ela trocar a sandália. O salto, Rodolfo guardou de lembrança da violência urbana.

Um comentário:

Silvia da Silva disse...

Vocês ainda andam juntas?
è um perigo ...mas é seguro acredito!