sábado, junho 21, 2008

Jump de uma, castigo de três

A semana foi intensa: reuniões todos os dias, planejamento de novas exposições, frio de O°, jantares... mas Tetê não descuidou da coisa mais poderosa que as mulheres têm: as amigas. Lembram das dorzinha "ali do lado, bem acima do quadril" da Drica? A amiga continuava se queixando e Tetê marcou um clínico geral de confiança, o famoso médico de família.

Drica explicou ao médico, bastante chateada, que a dorzinha chegara no mês passado e não ia embora de jeito algum. Doía para sentar, doía para dormir, doía para levantar, doía para dirigir, doía para andar. O médico fez trilhões de perguntas e trilhões de exames e finalmente localizou o exato lugar da dorzinha – Drica pulou quando ele colocou a mão exatamente no ponto, e ele deu de ombros, explicando que não era nada sério desde que ela tomasse alguns cuidados pois havia um problema num ligamento que tenderia a passar com o tempo.

Drica voltou da sala de exames e ouviu, aliviada, que não tinha nada sério e que se seguisse direitinho as recomendações o incômodo não tardaria a passar. No meio das recomendações, o médico perguntou o que ela fazia quando sentiu a dorzinha pela primeira vez. Drica, visivelmente nervosa e angustiada, gaguejou:
- Eu... estava fazendo jump...

Tetê se virou para a amiga com cara de quem viu um fantasma. Jump? Drica? Drica no Jump? Academia? Drica? Ginástica? Drica na Academia? Aquilo soava surreal demais... mas ficou quietinha ao notar que a amiga lhe lançou um olhar de súplica urgente, como quem implora por nenhum comentário.

O médico pediu a Drica que durante os próximos três meses não chegasse perto do Jump novamente e ela prometeu distância da atividade. Tetê olhou novamente para a amiga e viu uma lágrima rolando. Teve certeza, nesse momento, de que algo muito, muito, muito, muito errado mesmo estava acontecendo ali. Diante da lágrima da paciente, o médico se desdobrou em palavras gentis, garantindo que eram só três meses, que depois desse período ela deveria voltar lá para se certificar que o esforço pela abstinência da ginástica teria valido a pena. E a cada palavra do médico, Drica chorava mais. Até o momento em que Tetê decidiu acabar com aquela consulta depressiva, disse que ajudaria a amiga a se manter longe do Jump pelo tempo que fosse necessário, amparando-a em todas as recaídas, etc., etc., etc.

Saíram da sala do médico e Tetê perguntou que diabos Drica fazia numa academia fazendo Jump, e porque estava sendo tão difícil abandonar a prática que – pensava Tetê – a amiga abominava. E Drica, muito sem graça, contou que o Jump na realidade não era bem uma modalidade de ginástica, mas um garotão que conheceu recentemente, extremamente atlético, e que juntos praticaram atividades de altíssimo impacto... e agora, ela não poderia ter atividades nem de médio impacto durante três meses!

Que situação deprimente! Só havia uma atitude a tomar diante de tamanha desgraça: convocar as amigas loucas para uma noitada. E juntas, Tetê, Drica, Má e Lu foram afogar as mágoas e tomar um pilequinho homérico no Hermes. Saíram de lá altamente solidárias com a Drica, às 3 da manhã, meio miando, meio engatinhando, e prometendo que nenhuma delas praticaria atividades de altíssimo impacto durante o período de convalescença da Drica. No dias seguinte, as três acordaram em pânico: qual o castigo que teriam se quebrassem a promessa? Escondido da Drica, lógico... E Tetê ainda tinha o jantar com o Dupont preto laqueado dali a dois dias...

Nenhum comentário: