quarta-feira, fevereiro 20, 2008

O primeiro dia de aula

Tetê se inscreveu num curso livre de Física. Ela adooooora essas coisas. E adooooora principalmente os homens que mexem com essas coisas.
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Comprou caderninho, canetinha colorida e foi encarar o primeiro dia de aula, com o primeiro professor. Que, diga-se de passagem, era um charme...
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Além de charmoso, era um pé no saco. Metido. Nojento. Começou a aula com uma preleção sobre as dificuldades de sua matéria – Teorias e Modelos em Física. Disse que da turma de 45 alunos, somente dois ou três terminariam o curso: a grande maioria desistiria assim que chegasse ao final do primeiro mês, pois a matéria era dificílima e poucos eleitos entenderiam os conceitos avançados que ele ministrava. Era sempre assim, dizia ele.
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Depois do discurso babaca, distribuiu uma apostila e pediu que todos abrissem no primeiro capítulo: Conceitos em Holografia. Lamentavelmente, Tetê sabia muuuito sobre holografia pois o cientista era apaixonado pelo tema e os dois viravam noites conversando sobre as aplicações práticas dos hologramas.
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Enquanto o professor charmoso andava pela sala soltando ameaças, ela pegou a canetinha colorida e grifou vários itens do capítulo. Estava tão entretida na tarefa que não notou o silêncio que se formou, e de repente, ao ver uma sombra ao seu lado, deu de cara com o professor parado, de braços cruzados, olhando para ela de forma misteriosa. Ela parou de grifar, olhou para ele assustada enquanto a turma inteira nem respirava.
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De uma forma absolutamente grosseira e com uma voz de trovão, ele soltou a pérola:
- Eu avisei que pouquíssimas pessoas agüentariam a matéria. Essa aqui por exemplo (apontando para Tetê) já começou a sublinhar tudo o que não entende logo no primeiro capítulo.
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A resposta da Tetê foi calma, sincera e tão charmosa quanto ele:
- Você está enganado, professor. Me desculpe, mas estou sublinhando tudo o que está errado em sua apostila.
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O teacher ficou roxo e deu por encerrada a aula. Todo mundo foi saindo em silêncio absoluto, pisando em ovos, enquanto Tetê guardava seu caderninho e sua canetinha colorida. Quanto ela levantou ele sentenciou:
- Você fica.
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Tetê, obediente e dedicada à ciência, ficou. Ficou um ano e meio, aliás... mesmo tendo desistido do curso babaca na primeira semana...


domingo, fevereiro 03, 2008

Além da paixão e da vingança da Regina

Distraidamente, Tetê mexia no controle remoto numa noite dessas. E de repente... Regina Duarte na telinha. Chiquérrima e comportada num vestidinho branco, conversava com uma amiga num restaurante. Tetê ficou curiosa: adora cinema nacional mas não lembrava de já ter visto um filme com a namoradinha do Brasil e antigo desafeto dela...
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Que maravilha de filme! Com roteiro inteligente de Antônio Calmon e direção de Bruno Barreto, Regina é uma dona de casa (comportadíssima, obviamente) de classe média, bem casada, morando numa casa incrível, com um maridão incrível e dois filhos incríveis. Ela atropela um striper, o coloca no carro e ele (lindo Paulo Castelli!) acaba roubando a pobre e comportada Regina. Que peninha...
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Mas Regina fica "impressionada" com o tal striper e vai atrás dele. Literalmente... e acabam na cama, na estrada, no carro, nas boates da vida, nos portos da vida, no submundo. E vão para a cama, e voltam para a estrada, e voltam para a cama, para o submundo, para a cama, para o carro, para a cama, para a estrada, para a cama, para a cama, para a cama, para a cama, para a cama.
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Ela se envolve até o último fio de cabelo até que descobre o envolvimento do amado com cocaína e afins. Transtornada e apaixonadíssima, seduzida pelos motéis baratos, desejada e desejando, ela acorda e se toca que foi além da paixão. Foi longe demais. E com o coração partido (já é Regina novamente, caramba), ela larga a desconcertante paixão e volta para o maridão.
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Sim, ela se vingou de Tetê. Por que??? Porque foi muuuuuito mais rápida que Tetê... e mais inteligente também...