segunda-feira, abril 14, 2008

Exercitando

O mundo de Tetê está muitíssimo diferente e ela está muitíssimo assustada. A empresa está dando uma guinada total, com novos e interessantíssimos negócios. Tetê tem um namorado carinhoso, apaixonado e presente. Foi procurada por um grupo de amigos da década de 90. Está procurando outro grupo de amigos das décadas de 80 e 70. E essas pessoas todas têm afetos, lembranças, cartas e presentes (e presentes!).

Ela tentou explicar para uma amiga, mais ou menos assim: "Procurei vários passados diferentes, e quando tentei voltar, dei de cara com vários caminhos, que me traziam vários futuros". A amiga não entendeu nada e ela também não consegue explicar mais do isso. Ela acha que os vários passados localizáveis abriram vários futuros possíveis. Uma sensação de ter milhares de opções concretas e visíveis. Um sentimento de familiaridade com coisas que não doem. E um medo enorme de que isso tudo não passe de um sonho.

Ora bolas! Por que e do que Tetê tem medo, afinal? Ela teme esse sentimento de integrar grupos, essa sensação de pertencimento, essa segurança de códigos conhecidos, esse olhar em tecnicolor, essa leveza ao acordar, essa liberdade de criar, cantar, gargalhar, se divertir... simplesmente porque passou muito tempo alerta, tentando se espremer por brechas muito estreitas. Tetê não consegue acreditar que saiu, que venceu o labirinto.

Tetê está estranhando a felicidade. E morta de medo de transmitir vida. Ela se vasculha o dia inteiro. Se questiona em sonhos, se belisca ao despertar. Muitas vezes se flagra engolindo palavras gostosas, sufocando demonstrações de carinho, escondendo alegria, reprimindo abraços, segurando beijos, calando declarações de amor, simulando ares de não to nem aí, fingindo que não tinha nem pensado nisso.

Ela entendeu o tamanho do estrago e conhece agora a dimensão do trauma que carrega. Tem consciência de que não precisa esconder amor, quando quer amor: isso aconteceu uma vez e não significa que tenha que acontecer novamente. Pelo contrário! Ela sabe que voltou para um mundo conhecido, onde pode demonstrar o que quer sem assustar ninguém. E como não é mulher de ficar parada... resolveu fazer exercícios para entrar em forma novamente. É obvio que ela não tentaria uma academia... Alguém esperava vê-la em roupa de ginástica??? Imagine!!! Ela resolveu exercitar seu afeto através do Beto: um inesperado filhote de Shih Tzu que descolou no último final de semana, em comum acordo com o Pavão Misterioso. Parece que vai dar certo... quer dizer, o Beto e o Pavão...

2 comentários:

Anônimo disse...

Não tá dando pra enteder, sorry! Tem mesmo que fazer tanta força pra plantar sentimentos? Tudo bem, cachorro é pra vida toda e namorado a gente pode ir atualizando. Se quiser descartar algum, manda um sinal de fumaça que a gente negocia..
Beijinho!

Tetê disse...

Problemão: hoje tá nublado e os sinais de fumaça não sairão nítidos!!! Pombo-correio pode? Manda o endereço, darling!
Beijíssimos sensibilizados pela sua generosidade!!!